sábado, 8 de janeiro de 2011

Comunicação: o cerne da questão

Durante os últimos anos, jornais, revistas e TVs resgataram e aperfeiçoaram as técnicas de manipulação e partidarismo político dos tempos que antecederam e sustentaram a ditadura militar entre 64 a 85, causando a morte e o desaparecimento de milhares de brasileiros. São truques e procedimentos conhecidos por muitos de nós:

O truque campeão é o factóide – jogada ensaiada pelos membros do PIG: um faz o lançamento, o outro recebe, tabela como o terceiro, recebe e parte livre em direção ao gol. Falha ou Estadão faziam o lançamento do boato durante a semana. O Jornal Nacional matava no peito mencionando a Falha ou Estadão como “fonte” e tabelava com eles durante a semana. A Veja recebia o passe “redondinho” e finalmente, aos sábados, publicava o “golaço” na matéria de capa. Durante a semana seguinte, o PIG comentava, entrevistava, reprisava a jogada por todos os ângulos etc. Até o surgimento da Internet, era como se o time da “verdade” não tivesse goleiro. Agora tem. A defesa – que tem mídia alternativa, blogues, Youtube, comunidades virtuais e outros espaços – bate de frente com o PIG, instantaneamente. Mas só na Web.

Outro método usado pelo PIG para atacar pessoas, grupos ou governos inteiros é o ponto de vista que veicula. Existem o fato e sua leitura. O golpismo está na pior maneira (neste caso contra o governo) de noticiar o fato. Em vez de dizer que 27 milhões saíram da miséria, diz que o Brasil ainda tem 23 milhões de miseráveis. Em vez de dizer que o povo compra mais, dizem que se endivida mais. Em vez de dizer que Dilma foi eleita porque recebeu 12 milhões de votos a mais que Serra, dizem que só 56 dos 190 milhões de brasileiros votou na candidata de Lula. Em vez de informar que parentes diretos de todos os políticos usam passaportes especiais, se limitam a citar os filhos de Lula.

Uma das maneiras de desqualificar o governo é a omissão: nenhum órgão de imprensa é obrigado a publicar coisa alguma. Liberdade de expressão também significa liberdade de omissão. Não fossem o IBGE e outros institutos nacionais e internacionais medirem todos os avanços feitos no Brasil, nos últimos 8 anos, a imprensa brasileira elegeria Serra que, por sua vez, roubaria todos os créditos de Lula.

Outro recurso muito usado é compor a manchete com as expressões “suposto” ou “segundo fulano”. Expressões poderosas, pois permitem mentir e caluniar à vontade, sem culpa. Se alguém diz que “desconfia” que seu telefone foi grampeado, não precisa investigar o grampo. Basta compor a matéria usando uma destas expressões, lavando as mãos. “Segundo Gilmar Mendes, houve um suposto grampo ao seu telefone durante a operação Satiagraha”; “Dossiê Serra foi supostamente encomendado pelo PT”; “Suposta ficha policial sobre a captura de Dilma Rousseff mostra que a candidata do PT foi assaltante de banco”. “Segundo Roberto Jefferson, o mensalão…”. O que importa mesmo é o que fica no subconsciente do público.

Mais um recurso: o PIG organiza as matérias em blocos, como se fossem “assuntos do mesmo saco”. Principalmente na TV. Exemplo: as conversas que Lula manteve com Ahmadinejad sobre o programa nuclear iraniano eram noticiadas em meio a bobagens irrelevantes sobre Fidel Castro, Cuba, Hugo Chávez etc. É como se dissessem: “Agora vamos falar de ditaduras: Ahmadinejad, blá blá blá, Hugo Chávez blá blá blá, Lula, blá blá blá, Fidel Castro, blá blá blá… Assim forçam a caracterização de Lula como “da turma” dos que admitem a idéia da ditadura.
Semana passada a Falha publicou uma “pérola” com um título algo como: “O governo Lula “contemplou” 8 mil veículos de propaganda em seu mandato – um “aumento” de 1500%. Foram gastos R$ 2,5 bi/ano”. O título da matéria está correto, mas induz a uma interpretação errada. Dá a entender que Lula gastou MUITO mais do que FHC ou qualquer outro presidente com propaganda institucional – o que é absolutamente falso.

O fato: Lula não aumentou a verba. Aumentou sim, o número de órgãos que recebem aquela verba. Deixou de destinar tudo ao PIG (como faziam FHC e os outros), para dividir entre 8 mil órgãos de mídia espalhados de norte a sul do país. Quem lê a matéria entende que Lula democratizou a distribuição da verba. Mas e quem lê o título, de passagem pela banca de jornal ou pelo UOL? O truque é induzir o leitor a se achar esperto: “por isso tem 87% de aprovação! Lula aumentou a publicidade em 1500%!” – “Lavagem cerebral, tá tudo dominado!” – diria o extinto comediante do extinto Casseta & Planeta, Marcelo Madureira. “Pura propaganda, nunca saiu do papel, é só imagem! -  diriam Reinaldo Azevedo, Miriam Leitão e Josias de Souza. “O homem nunca pisou na lua!” – diriam os mais “bem informados”…

O problema não é o PIG. Eles que tenham a liberdade de expressão para afirmar que o céu é amarelo. Pouco importa. O que importa mesmo, é que fontes de informação alternativas ao PIG sejam amplificadas para terem o mesmo peso e abrangência. Até mesmo a blogosfera. Para que a informação não venha em via única, definitiva, como foi até pouco tempo. Que se possa dizer que o céu é azul com a mesma intensidade com que o PIG diz que é amarelo. E deixar o leitor/telespectador decidir o que ver e no que acreditar. Como foi o caso da “bolinha de papel”. Isso é LIBERDADE DE IMPRENSA! É este o cerne da questão. Não precisamos e não nos faria bem algum censurar Globo, Falha, Estadão e Veja. São um PIG necessário. Pode-se dizer vital, até. Muito melhor é detectar seus movimentos golpistas e suas mentiras. Muito melhor promover o debate e denunciar suas intenções em cada mentira. Pior seria o silêncio dos conspiradores invisíveis.

Na semana que antecedeu a posse de Dilma – mesmo com os índices de 87% de aprovação em todas as camadas sociais do povo brasileiro – a Falha tratou de desmerecer o governo e o presidente diariamente. Como se fossem os últimos cartuchos. Suas manchetes pareciam àquelas sobras de rojão do dia seguinte. Queima antes de perder a validade!

Ao mesmo tempo é um prelúdio: o PIG pretende desmoralizar, desqualificar, minimizar e tirar todos os créditos do presidente Lula. Fará isso incansavelmente, para todo o sempre. Pretende reescrever a história. Não é à toa que o governo registrou em cartório 6 volumes descrevendo tudo o que foi feito nos últimos 8 anos e mais o que está em andamento. Calejado por 3 décadas de golpes baixos por parte do PIG, Lula sempre esteve um passo à frente deles.

Extraído do blog “Que será que me dá”

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