sexta-feira, 15 de abril de 2011

UM SONORO NÃO


Laerte Braga
Laerte Braga

Paulo Henrique “Ganso” precisa tomar cuidados especiais. O “bom caráter” do futebol brasileiro – engenheiro de obras prontas – Muricy Ramalho chamou-o de artista. Ano passado fez isso com Conca e desde então o argentino não consegue mais reeditar as atuações que o consagraram no Fluminense. Quem sabe Ganso não se benze, faz uma pajelança, ou coisa assim, prevenir é melhor que remediar.

Catherine Ashton não joga futebol, mas é a chefe da diplomacia da União Européia (grupo de colônias norte-americanas no velho mundo e todas em estado pré-falimentar) e vem ao Brasil conversar com Dilma Rousseff em maio.

Traz na bolsa uma proposta simples. Quer o Brasil participando de “missões de paz” na África, no Leste Europeu e no Oriente Médio. As tais “missões de paz” são executadas por militares.

As colônias européias dos EUA tomam conta de “missões” semelhantes em nove países, principalmente aqueles onde sejam fartas as reservas de petróleo, minerais estratégicos, aquele mesmo esquema do século XVII quando levavam tudo e mais alguma coisa de suas antigas colônias.

Um primeiro contato com o governo brasileiro foi feito em julho do ano passado e rejeitado pelo chanceler Celso Amorim e pelo presidente Lula.

O acordo proposto prevê diversos “combos” (essa gente adora essa expressão) de participação. Envio de tropas, utilização de policiais e profissionais da área jurídica e a cereja da oferta das colônias chamadas União Européia são as ambições brasileiras de participar em maior escala de ações internacionais.

Vestir a camisa de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

O foco principal das “missões” é construir a “paz” – mais ou menos saquear o que pode e não pode – através do Estado de Direito (deles) e treinar militares e policiais dos países auxiliados. A velha história que conhecemos e que resultou no Golpe Militar de 1964. Pegam a parte podre das Forças Armadas “brasileiras” e dão um golpe. Foi assim que fizeram contra o governo Goulart. Dirigem o trânsito no Haiti há anos.

É assim que estão fazendo no Egito. Sai Mubarak, continua “Hosni”. As Forças Armadas baseadas naquele país não têm nada a ver com o povo do Egito, mas com o soldo no fim do mês e esse vem de Washington.

O detalhe significativo dessa vocação das colônias européias de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A é que tais missões correm à margem da ONU – organização falida e sem préstimo algum, pelo menos na forma e desenho atuais.

Correm à revelia da Organização das Nações Unidas. Esvaziam o movimento pela reforma da estrutura da mesma ONU, caminho que o Brasil defendeu durante o governo Lula e foi empenho direto de Celso Amorim.

Como o chanceler atual é Patriota fica sempre a dúvida. “O patriotismo é o último refúgio dos canalhas”, a eterna frase de Samuel Johnson.

Uma decisão desse nível, se tomada pelo governo brasileiro – é uma incógnita, pois até agora estão explicando ao Moreira Franco o que quer dizer “assuntos estratégicos” e é uma dificuldade dele entender que não tem nada a ver com vinte por cento – tem que passar pelo Congresso.

Esse tipo de ação, via de regra, começa pelo deputado Eduardo Azeredo (funcionário do terceiro ou quarto escalão do esquema, faz o chamado serviço sujo) e termina nos braços de José Sarney, aquele que o ditador Figueiredo expulsou a pontapés do Planalto quando ele lá foi pedir desculpas por algumas lambanças (era do time da ditadura).

Agentes dos serviços de inteligência do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A agem à luz do dia no Brasil, estão infiltrados em setores importantes de instituições vitais para a nossa soberania (o pretexto é sempre o treinamento, o mesmo que fazia o professor de tortura, estupro, assassinato, etc, Dan Mitrione à época da Operação Condor) e neste momento retomam com força total o discurso de terrorismo na região de Foz de Iguaçu(?).

Se o Itamaraty estiver entrando nessa dança, é lamentável.

Ato contínuo à participação desejada do Brasil em “missões de paz”, chegaremos à etapa “bases militares” para facilitar “ações conjuntas”. O ministro Aluísio Mercadante, ex-esquerda, vestindo atualmente as chamadas “camisas coloridas de Miami”, já cogita de trazer ao público a discussão sobre a Base de Alcântara. Quer ir introduzindo o assunto aos poucos, até convencer que é melhor deixá-la com os norte-americanos.

É o tal rio subterrâneo que corre no Brasil e não tem nada a ver com os brasileiros, mas é a sombra viva de 1964.

Continua em destaque a opção “capitalismo a brasileira” (conceito definitivo de Ivan Pinheiro), só que agora com o viés de economistas, a começar pela presidente, naquele negócio de custo/benefício.

Se der lucro manda ver, até injeção na veia.

Acreditam que assim viramos potência. Belo Monte é um exemplo disso. Torcem todo o processo e entregam boa parte do território brasileiro a grupos econômicos ditos nacionais (são minoritários se formos às raízes e se compreendermos raízes como parte de um grande jardim, o conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A) e dane-se para além da soberania, o meio-ambiente e tudo o mais.

A MONSANTO, por exemplo, que aparentemente não tem nada a ver com o trem, agradece penhoradamente.

Quando acordarmos estaremos pagando imposto a Eike Batista e não mais aos cofres públicos. Ou a Daniel Dantas (neste caso não é imposto, é proteção).

Inseridos no contexto da União Européia, velhos e bolorentos modelos ornados de lojas da rede McDonald’s, com bases formosas e repletas de tecnologia de ponta capazes de nos alçar à condição de potência de coisa nenhuma. A bandeira dos EUA tremulando impávida em cada canto.

A questão maior é de fundo, o modelo. Isso implica em participação popular e não em lista fechada imposta pelo cacique José Dirceu. “Mim querer mandato de volta a qualquer custo, mesmo sem voto”.

Desde os tempos de Gutenberg, por um bom período, jornais especificamente e no curso dos tempos toda a mídia, têm servido, serviram, aos interesses populares. Mídia foi igual a intermediária entre aspirações populares e governos. Mídia HOJE é parte do processo das elites, aquelas que FHC quer recuperar, ela e seus seguidores (a classe média, a que come arroz e feijão e arrota maionese).

Estamos lascados e achando que vamos ganhar o jogo.

Sabe a cidade de Anchieta no Espírito Santo? Onde o jesuíta escreveu nas areias da praia um poema dedicado à Maria? Tem um Ubu por lá, distrito, bairro, a nomenclatura pouco importa. Vão para o espaço, tanto Ubu como a praia, Anchieta. A VALE vai investir progresso predador na região.

Esse conjunto todo de coisas aparentemente sem nexo, ou ligação, mas suplementando a renda de chapas brancas espalhados pelo mundão de Deus, vai terminar quando um cara bater à sua porta, hoje. De seu filho, amanhã. De seu neto, depois de amanhã e cobrar o imposto que todo brasileiro deve pagar para ser brasileiro e morar no Brasil.

E ai de você se não souber inglês para entender direitinho como calcular o dólar do dia.

Ou se dá um sonoro não a esse conjunto todo, ou o brejo é ali mesmo.

O que, por exemplo, ficou óbvio no Encontro de Blogueiros do Estado do Mato Grosso, é que se não tirarmos a cabeça do buraco, que nem avestruz, enxergando coisas que não existem exceto na GLOBO e adjacências, nos chapas brancas (muito bem pagos), se o movimento social não for parte do processo, a tal sociedade civil organizada e a desorganizada também, a dança vai ser dolorosa.

Só falta dona Catherine querer que os ministros sejam revistados em nome do Brasil potência. 

O que se espera (pode ser outra coisa?) é um não, um simples não.

O compromisso do Brasil é com a América Latina e não queremos ser a Israel latino-americana. Não temos essa vocação genocida, criminosa. 

E nisso tudo a culpa é do Irã. Massacrar pode a vontade, mas no Barhein. Na Líbia não. Gaddafi e os líbios não são aliados... 

A entrevista que Julian Assange concedeu ao jornal THE HINDU é perfeita e mostra como essa turma age, qual o perfil do conglomerado.

Pode ser lida em duas partes subdivididas em duas postagens cada uma: Total de 4 postagens:

Julian Assange, entrevista ao The Hindu, 12-13/4/2011 - P I (1/2)

Julian Assange, entrevista ao The Hindu, 12-13/4/2011 - P I (2/2)

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