sábado, 13 de agosto de 2011

Síria: EUA aumentam a pressão sobre a Índia

13/8/2011, MK Bhadrakumar, Índia Punchline
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu


[Atualização do artigo [1] anterior: 

Os EUA aumentaram a pressão sobre a Índia, dessa vez em público, quando a secretária de Estado Hillary Clinton citou nominalmente a Índia em entrevista ao canal CBS de televisão. Clinton falou dos investimentos indianos no setor de energia na Síria e sugeriu que Delhi melhor faria se se unisse aos EUA e Europa na imposição de sanções à Síria. Também parece acreditar que a Índia pode influenciar Damasco. Mas... isso, precisamente, é o que a Índia parece já estar fazendo. 

O enviado especial de Delhi parece ter conseguido “salvar Damasco mais uma vez” e ter arrancado de Bashar al-Assad o compromisso de introduzir reformas que transformarão a Síria em sistema multipartidário. Nenhuma dessas façanhas diplomáticas parece impressionar Clinton.

Evidentemente, Clinton usa linguagem diplomática. Diz ela: “Impusemos mais sanções, sanções mais duras. Estamos trabalhando com nossos amigos europeus e outros. Mas o que realmente precisamos conseguir, para pressionar Assad, é impor sanções contra sua indústria de petróleo e gás, e queremos ver a Europa dar passos mais firmes nessa direção. E queremos ver a China trabalhando conosco. E queremos ver a Índia trabalhando conosco, porque Índia e China têm grandes investimentos em energia dentro da Síria”. 

Mas a mensagem soou alta e clara: “É hora de a Índia alinhar-se com a estratégia dos EUA para fazer acontecer a ‘mudança de regime’ na Síria”.

Diferente de Clinton, David Bosco da influente revista Foreign Policy não precisa ser muito “diplomático”. Escreveu, com todas as letras, que a “performance” da Índia nas questões globais que chegam ao Conselho de Segurança da ONU “comprometeu gravemente o entusiasmo dos norte-americanos” na questão de acolher a ambição da Índia, que quer ter assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Foi aviso em tom de ameaça: “Comportem-se e façam o jogo, vocês aí, no caso da Síria. Ou esqueçam para sempre aquele negócio de assento permanente no Conselho de Segurança”. 

Mas Bosco conhece bem a ONU, da qual é “braço” afamado. E acaba por ter de reconhecer que “os EUA não têm como influenciar, de fato, o Conselho de Segurança, no que tenha a ver com acolher novos membros”[2].

Com o secretário-geral Ban Ki-Moon tendo feito seu dever de casa, no relatório sobre a Síria, os EUA estão tendo de subir o tom. A embaixadora Susan Rice, na declaração dessa semana, na 4ª.-feira, exige que o Conselho de Segurança “tome outras medidas para resolver a crise” e “cumpra seu dever[3]. 

Ainda restam 18 dias, até o final de agosto, antes de expirar o um mês que cabe à índia, na presidência do Conselho de Segurança. Rice sabe que tem pouco tempo.




Notas dos tradutores
[1] Sobre essa visita, a única notícia que os consumidores pagantes de jornais, revistas e televisões receberam no Brasil foi uma linha, na coluna Milonga de Sonia Racy, no Estadão: “E quem vem se encontrar com Antonio Patriota, esta semana, é Faisal Al Mekdad, ministro da Síria. Para agradecer o apoio do Brasil”  Não se pode, em sã consciência, aceitar que aí houvesse alguma informação relevante: aí há futriquismo, desinformação e má fé. O “jornalismo” do grupo GAFE (Globo/Abril/Folha/ Estadão) é o pior do mundo e continua a ser impingido a consumidores pagantes no Brasil. Até quando?!

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