domingo, 11 de setembro de 2011

O 11/9 foi “fracasso da inteligência”?

11/9/2011, The Real News Network, TRNN
9/11 Not na “Intelligence Failure (vídeo e entrevista transcrita, traduzida)
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


PAUL JAY, editor-chefe de TRNN: Bem-vindos à rede The Real News Network. Sou Paul Jay, em Washington. Em 2009, Richard Clarke deu uma importante entrevista a dois cineastas que trabalhavam num documentário. John Duffy e Ray Nowosielski entrevistaram Clarke sobre suas relações com George Tenet e o que Tenet lhe disse sobre a existência de dois suspeitos conectados, então, a conspiradores da al-Qaeda nos EUA. Aqui, uma parte daquela entrevista.

RICHARD CLARKE, especialista em contraterrorismo: E não foi, como pensei no início (que só um analista da CIA, só ele, recebeu a informação e não percebeu a importância dela). Não. Cinquenta – cinco e zero, 50 – pessoas da CIA sabiam sobre isso. É preciso interromper deliberadamente esse tipo de fluxo de informação. É preciso que alguém intervenha e diga: não quero que esse relatório saia daqui. E jamais recebi relatório sobre isso. Se houve decisão para interromper a distribuição normal desse tipo de informação, nesse caso, não há dúvida de que Tom Wilshire sabia. É do gabinete local da assessoria do Conselho Nacional de Segurança, tentando construir o melhor caso possível para orientar a ação, mas, nesse trabalho, jamais mencionaram que dois terroristas da al-Qaeda, que se sabia que estiveram envolvidos no planejamento em Kuala Lampur [incompreensível] já estavam nos EUA.

JAY: E conosco, para falar sobre o significado da entrevista de Clarke e sobre o que houve depois, está Ray McGovern. Ray serviu como oficial de inteligência da infantaria do exército, depois como analista da CIA. Ajudou a redigir e editar as falas diárias do presidente, nos governos Nixon, Ford e Reagan. Ray trabalha agora para Tell the Word, da Igreja do Salvador, em Washington. Fala conosco diretamente de Oakland. Está também conosco Jason Leopold. Jason é repórter investigativo e vice-editor de Truthout. É também autor do best-seller editado pelo Los Angeles Times, News Junkie. Fala conosco, de Los Angeles. Obrigado aos dois, por essa entrevista.

JASON LEOPOLD, vice-editor de TRUTHOUT: Obrigado. É bom estar com vocês.

JAY: Jason, você poderia pegar esse ponto da entrevista de Clarke, e contar o que houve, comentando um pouco o significado do que Clarke diz?

LEOPOLD: Bem, aqueles dois documentaristas conversaram com Clarke em outubro de 2009, e, basicamente, estavam investigando o que houve com dois dos sequestradores que haviam entrado nos EUA em 2000, aparentemente sem que ninguém soubesse, nenhuma das várias agências, embora a CIA estivesse monitorando uma das principais reuniões-chave da al-Qaeda nas quais se discutiu o 11/9, na Malásia. Você sabe... Ao longo do tempo, ouvimos várias vezes sobre os fracassos da inteligência, e o fato de que aquelas informações não haviam sido distribuídas. E Clarke tornou-se o primeiro agente em posição de comando, que saberia o se sabia sobre al-Qaeda, por causa de seu trabalho anterior, quando rastreou alguns dos terroristas suspeitos naquela organização. Nessa entrevista, ele diz claramente que Tenet, Rich Blee (nome que ninguém citou ao longo da última década), e Cofer Black sabiam sobre aqueles dois sequestradores que, ao que parece, estavam no Voo 77 que seguia para o prédio do Pentágono, mas nada lhe disseram. Não disseram o que sabiam ao FBI, e Clarke disse que, de fato, eles mentiram ao Congresso e à Comissão que investigou o 11/9, sobre informações de inteligência já recolhidas pela CIA, sobre aqueles dois sequestradores. Quero dizer... É comentário explosivo, sobretudo agora, quando nos aproximamos dos dez anos do 11/9. Esse é um enigma que nunca foi resolvido, ainda faltam peças, para que se conheça o quadro completo. É visível que Clarke pensou muito sobre tudo isso, ao longo do tempo. Escreveu, em seu livro, sobre esse evento específico e esse problema específico, relacionado à inteligência. Mas, no livro, não citou George Tenet, Richard Blee, que dirigiam a unidade bin Laden [incompreensível] na CIA, nem Cofer Black. Não falou deles no livro. E agora, aí está, dizendo que eles foram responsáveis.

JAY: Retomemos desse ponto. O entrevistador pergunta diretamente que, se a informação não foi passada para Clarke, em que ponto teria sido tomada a decisão de não passar adiante a informação. E Clarke diz que a informação não teria de ser passada, porque, se seguisse o fluxo natural da informação, a informação necessariamente chegaria até ele. Que tem de ter havido alguma específica decisão que interrompeu o fluxo da informação até ele, Clarke. E o entrevistador pergunta: em que nível essa decisão foi tomada? Aqui, a parte da entrevista em que Clarke responde essa pergunta.

ENTREVISTADOR: Ele teria muitas oportunidades para alertar você.

CLARKE: Sim, mas não precisava passar-me diretamente a informação, porque, a menos que alguém interviesse para parar o fluxo natural da distribuição, a informação chegaria até mim. O que não entendo é por que, se eu recebia todos os detalhes sobre qualquer coisa relacionada a terrorismo, o diretor não me informou. Por que o diretor do Centro de Contraterrorismo não me disse nada. Por que as outras 48 pessoas dentro da CIA que sabiam, nada disseram, nem a mim nem a ninguém da minha equipe, durante mais de doze meses.

ENTREVISTADOR: Nesse caso, foram impedidos de chegar até você e até a Casa Branca.

CLARKE: E impedidos também de chegar ao FBI e ao Departamento da Defesa. Temos de concluir que foi decisão de alto nível na CIA, não distribuir aquela informação.

ENTREVISTADOR: Alto nível, quanto?

CLARKE: Teria de ser decisão do diretor. Você tem de entender minha relação com o meu pessoal. Éramos amigos. Ele me telefonava várias vezes por dia. Discutíamos e partilhávamos até as informações mais triviais. Não foi falta de partilhar informação. Nos passavam tudo. Só não passaram essa informação.

JAY: E então, para acompanharmos a narrativa, o que aconteceu? Clarke está falando, a entrevista foi divulgada. Apesar de a entrevista ter sido feita em 2009, só foi divulgada no início de agosto passado. E então, claro, Tenet e seus dois colegas negam tudo. Explique-nos, por favor, o que está acontecendo quanto a isso. 

LEOPOLD: Sim. Basicamente, os dois documentaristas fizeram contato com Tenet, Cofer Black e Richard Blee. Ora... Richard Blee é figura importante. Não é alguém, qualquer um, que andasse por aí. E todos negaram veementemente tudo que Clarke deixou sugerido sobre o que sabiam e quando foram informados e atacou Clarke, disse, mais ou menos, que ele não sabia do que falava, e que o testemunho dos dois foi verídico, que não mentiram. Mas... O problema é que ainda não temos todas as informações necessárias reunidas pela Comissão do 11/9 – falo da Comissão do Congresso que investigou o caso. Muitos documentos ainda são secretos e ainda não foram publicados. Então [os documentaristas] procuraram Clarke. Fato é que o que Clarke disse, verdade ou não, teria de ser discutido.

JAY: E você Ray, o que pensa? A grande imprensa praticamente não deu atenção ao que Clarke disse, o que é estranho, porque Clarke é personagem importante, muito presente na grande mídia. Não é marginal a esses eventos. 

RAY MCGOVERN: É realmente muito estranho que a “mídia de adulação”, que é como chamo a “grande imprensa”, tenha conseguido evitar essa história. Afinal de contas, trata-se do um dos principais conselheiros do presidente Bush, e está acusando o mais alto diretor da CIA por, no mínimo, negligência no exercício da função. E disse também que, se tivesse feito o que era seu dever fazer, o 11/9 talvez não tivesse acontecido – ou, pelo menos, que teria sido possível evitar que um dos aviões fosse jogado contra o Pentágono, o avião no qual viajavam dois agentes conhecidos da al-Qaeda.

Quer dizer, que Tenet sabia que estavam nos EUA há mais de um ano, mas nada disse sobre isso a Clarke. Clarke afirma que recebia todo tipo de informação de Tenet, e que teria sido preciso que Tenet impedisse deliberadamente, para que aquela informação não seguisse a rotina de distribuição na Agência. Não se trata de, como Clarke diz que pensou que se tratasse, de algum analista negligente ou preguiçoso, que não lhe passou uma informação às pessoas que precisariam dela para tomar providências. Nada disso. Cinquenta pessoas – cinco e zero, como diz Clarke – sabiam, entre eles, George Tenet.

Sob vários aspectos, é a palavra de George Tenet, que, para mim, tem credibilidade zero, contra a palavra de Richard Clarke, que, para mim, tem muita credibilidade.

Quando Tenet declara pelo porta-voz – não, não, ele jurou, no depoimento ao Congresso... Sinceramente, sempre rio, porque aquilo foi cômico, se não fosse tão... Foi muito engraçado. Mas parece que Tenet já cometeu crime de perjúrio quando depôs ante a Comissão do 11/9, ao dizer que não falou com o presidente Bush durante todo o mês de agosto, nem por telefone. Era mentira e na mesma noite um dos seus homens telefonou à Comissão do 11/9 e disse que, desculpe, mas o diretor cometeu um erro.

Para mim, se alguém mente no Congresso, em depoimento sob juramento de dizer a verdade, que credibilidade lhe resta? Para mim, nenhuma. E Clarke, até agora, ainda não foi apanhado em nenhuma mentira. Para mim, Clarke tem credibilidade e merece ser ouvido com atenção.

JAY: Jason, Clarke como que especula um pouco sobre motivos que Tenet teria para fazer o que Clarke diz que ele fez. Ouçamos mais um pouco do que Clarke diz.

CLARKE: Entendo que tivessem dito que “temos de melhorar nossas fontes dentro da al-Qaeda”; quando se faz isso, todos sabem o que estamos fazendo. E também consigo entender que tenham visto aqueles dois já dentro dos EUA e pensado “ah-ha, agora é nossa vez de pegá-los e vamos infiltrar gente dentro da al-Qaeda e, para fazer isso, ninguém poderá ser informado, fora da CIA, até que os peguemos e comecem a nos fornecer informação”.

JAY: E então, Jason, o que lhe parece? Sei que Clarke está só especulando, não está dizendo que Tenet fez isso. Tenta, apenas, entender o porquê de Tenet não lhe ter passado a informação. O que lhe parece essa teoria?

LEOPOLD: Ora... Para começar, essa teoria não é nova. Já se discutiu sobre isso. Quero dizer, é a teoria já apresentada pelo FBI, por vários agentes que trabalhavam com a CIA rastreando bin Laden. Eles pensam assim. Lawrence Wright, autor de O Vulto das Torres [Prêmio Pulitzer, ed. em português pela Companhia das Letras] – grande livro, sobre toda a história da al-Qaeda até o 11/9 – diz, em seu livro, que nas conversas, nas entrevistas que fez com muitos, muitos agentes do FBI, sobre especificamente essa informação, sobre esses dois sequestradores, que todo o FBI suspeitava de que a CIA teria sonegado essa informação, que não teria passado a informação ao FBI, porque estavam trabalhando para recrutar esses dois homens, para infiltrá-los na al-Qaeda. Acho que, sem dúvida, Richard Clarke pensou muito sobre tudo isso, nesses anos todos. E é possível que Richard Clarke saiba mais, tenha outras informações que não pôde divulgar. 

Minha impressão é que Clarke não está falando por acaso, como coisa que só lhe veio à cabeça agora. É claro que ele pensa há anos sobre isso. Já escreveu sobre isso em seu livro, como eu já disse. Quero dizer que ele pode estar sentindo alguma espécie de urgência, “aproximam-se os dez anos do 11/9”... E, afinal, a verdade é que estão começando a aparecer coisas também na “grande mídia” – pelo menos, já falam de alguns fracassos da inteligência. Não sei por que não se ouviu coisa alguma sobre isso durante 10 anos. Isso, não sei. Mas, sim, essas questões estão voltando a parecer importantes. É claro que são e sempre foram importantes, e há perguntas que têm de ser feitas e têm de ser respondidas.

JAY: Entendo. Ray, se você considera as várias frentes disso – entre outras, há uma na qual Tenet nada diz a Clarke sobre a presença, nos EUA, daqueles dois sequestradores. O que se vê aí é, entre outras coisas, um ‘esfriamento’, um ‘isolamento’ de Clarke. Clarke participa das principais reuniões com o presidente Clinton, porque o governo Clinton acredita que o terrorismo, especificamente bin Laden e a al-Qaeda, são a mais grave ameaça que há contra os EUA. Tenet depois diz ao Congresso – e creio que também escreveu sobre isso – que, em seu primeiro relatório de segurança apresentado ao presidente Bush, disse que a ameaça número um contra os EUA eram bin Laden e a al-Qaeda. Apesar de tudo isso, eles isolam Clarke. Clarke não é chamado para as principais reuniões. E quando testemunha sobre o 11/9, apesar de ter trabalhado obcecadamente durante todo o verão de 2001, tentando contar a Condoleezza Rice e às demais altas autoridade sobre o que estaria acontecendo... Clarke não consegue chamar a atenção de ninguém. Coleen Rowley do FBI diz que o FBI foi claramente informado de que o governo não estaria interessado em terrorismo, e tal, como se ouviu.

O que quero dizer é que... Parecia que... Você não tem a impressão de que há aí uma espécie de padrão, de uma cultura, no mínimo, de ninguém querer saber de coisa alguma, pelo menos desse detalhe ou, talvez, de algo mais?

MCGOVERN: Bem, pelo menos, de não querem saber em geral, sobretudo porque tinham outras prioridades. Quero dizer... O terrorismo era o último item da lista de prioridades de Ashcroft, do Departamento de Justiça. E havia outros muitos temas, como o sistema de defesa de mísseis antibalísticos. Esses mísseis seriam, ironicamente, o tema de um importante discurso noutra daquelas reuniões, de Condoleezza Rice, que não houve, previsto para dia 11/9/2001. A verdade é que Richard Clarke, apesar da insistência, do barulho, só conseguiu aproximar-se das principais reuniões sobre terrorismo (“principais reuniões” significa reuniões de todos os principais responsáveis pelo aparelho de segurança dos EUA), no dia 4/9/2011. Dia 4, veja você, uma semana antes do 11/9. 

Acho que a CIA aparentemente para cobrir a própria retaguarda, sempre partilhou alguma informação sobre aqueles dois homens, al-Mihdhar e o outro, al-Hazmi, com o FBI, mas sempre nos baixos escalões das duas agências. Mas Tenet nada disse sobre isso, dia 4/9/2011, e Clarke o culpa, sim, por isso, porque se tivesse levantado o tema, os dois teriam sido presos em 24 horas, e não teriam podido embarcar no voo American Airlines 77 que atingiu o Pentágono, e talvez todo o plano tivesse sido descoberto.

JAY: Mas, Ray, como Ashcroft poderia não estar interessada em terrorismo, se o FBI diz que o número um dos dez mais procurados da lista era bin Laden? Como não estavam interessados em terrorismo?

MCGOVERN: Ora, se você é incompetente e não sabe o que é importante e serve a outros interesses e pensa que o terrorismo é coisa que Richard Clarke vê maior do que é, e que só Clarke e seus subalternos consideram importante, como Tenet, pode acontecer de, facilmente, você separar-se da realidade. Vejo assim. Eram pessoas inacreditavelmente incompetentes. Não quiseram ouvir, não ouviram. E sabemos o que aconteceu.

JAY: Jason, agora você. Você sabe que muita gente falou sobre o Projeto para o Novo Século Norte-americano [ing. Project for the New American Century] e, assunto sobre o qual muita gente falou, a necessidade de um novo Pearl Harbor. E também houve muita conversa sobre a possibilidade, ao menos, no espectro de várias teorias de conspiração, que, mesmo que soubessem que alguma coisa estaria para acontecer, alguém, dentro do governo, não queria que se tomassem providências. Quero dizer, você vê aí alguma espécie de indício de um padrão – coisa que exige, pelo menos, alguma investigação que vá além dessa hipótese de que houve apenas negligência e incompetência?

LEOPOLD: Sim. Acho que vale a pena, sim, investigar mais. Pessoalmente, ainda não encontrei nenhuma prova que sugira a existência de fatos nessas... teorias de conspiração. Acho que há muitas perguntas sem resposta, e que têm de ser respondidas, especificamente sobre o que Clarke disse em agosto passado. O que realmente importa saber sobre esses dois específicos sequestradores é por que seus nomes não estavam em nenhuma lista de segurança dos aeroportos. As agências de segurança sabiam ou, pelo menos, a CIA sabia, que um deles já conseguira o visto para ir e voltar. O Departamento de Estado não foi alertado. Os dois podiam entrar nos EUA. Quando um dos contatos funcionou, o agente do FBI que trabalhava com a CIA quis alertar os demais no FBI, a CIA disse não, você não pode alertar ninguém, a informação tem de ficar aqui... Se se examina tudo isso, claro, claro que é possível que haja aí mais do que já se consegue ver.

JAY: Nenhuma dessas partes, sozinhas basta... Mas se se considera com atenção a história do informante Iron Man [Homem de Ferro], que você publicou em Truthout, você, de fato é coautor da matéria publicada em Truthout, o que temos é um comitê conjunto de inteligência, dizendo, segundo o informante Iron Man, que antes do 11/9 eles já sabiam que, se houvesse ataque, o alvo seria o World Trade Center, e que uma torre cairia sobre a outra. Que o Pentágono seria também outro alvo. Que o ataque viria por ar. Quero dizer, o fato de que em teoria, tudo foi previsto... Quero dizer, se se põem todas essas peças lado a lado não parece evidente que há por aí uma pistola ainda fumegante?

LEOPOLD: Não há dúvidas de que há. E essa história da comissão conjunta de inteligência e o trabalho que estava sendo feito pela unidade de guerra assimétrica, sobretudo sobre a al-Qaeda, e os informes que tinham, nos quais se via que os alvos prováveis seriam o Pentágono e o World Trade Center, claro, há muitas questões que têm de ser investigadas. Para mim, pessoalmente, claro, ainda preciso ver mais provas que comprovem que esses altos funcionários sabiam sobre o que estava para acontecer e optaram por deixar acontecer. Acho que Clarke, de fato, denuncia isso. Entendo que Clarke disse que George Tenet, Rich Blee, Cofer Black e outro deixaram acontecer o que aconteceu. Clarke observou especificamente que, se a informação completa tivesse sido levada ao conhecimento dos líderes, nas reuniões de todos, ele teria imediatamente ordenado investigação completa. E diz também que... Sim, ele diz que a CIA, talvez para proteger a própria retaguarda, meio que permitiu que acontecesse o que aconteceu. Interpreto assim a fala de Clarke. Acho que ele avançou até esse ponto.

JAY: E você, Ray, o que pensa disso? Você vê aí um padrão ou vê algo mais. Essa coisa toda, pelo menos, sugere alguma pergunta?

MCGOVERN: Bem, para começar, se se tem os dois co-presidentes da Comissão do 11/9 dizendo no livro que publicaram, que “estávamos condenados a fracassar, porque não nos deram dinheiro suficiente, nem pessoal suficiente, nem acesso a informação crucial”... Alô-alô, acordem! Ninguém tem qualquer dúvida de que as questões que têm de ser investigadas, por investigadores independentes são, exatamente, as que você e Jason e eu estamos discutindo. 

Por outro lado, muita gente me diz que: “Você não acredita que Dick Cheney é capaz de montar esse tipo de serviço interno?” Sempre respondo que acho que Dick Cheney é capaz disso. Mas também digo que não faço inteligência baseada em “achismos” ou em fé, OK? O que eu acredito ou desacredito não importa. A única coisa que importa é o que as provas mostrem. E as provas continuam dispersas, sem concatenação, e ainda não consegui juntar tudo de modo a convencer-me de que houve algo realmente sinistro. Até aqui, por mais que olhe e examine o que se sabe, só vejo incompetência, enorme incompetência, trabalho mal feito, pequenos vícios, alguma corrupção, mas nada que sugira um projeto deliberado para deixar acontecer. A resposta só virá de uma investigação independente. Estou aberto. Desejo ser convencido. Mas, até o momento, nada me convenceu. Em nenhum caso faço inteligência baseada em fé e em “achismos”. Não faço.

JAY: OK. Jason, suas despedidas. 

LEOPOLD: Você sabe, houve muita discussão sobre se teria havido fracasso da inteligência. Baseados no que sabemos, baseados no que Clarke nos mostrou, o que ele sugeriu, e tudo que vimos, não foi fracasso da inteligência, porque eles tinham a informação de inteligência. Foi questão de segurar a informação. E isso é que – quero dizer, a causa por trás disso – nós ainda precisamos compreender. O porquê. Não foi fracasso de inteligência, no sentido de a inteligência não ter obtido a informação. A informação existia. Eles sabiam especificadamente o que estava para acontecer. Mas há outras questões, por que não partilharam a informação? São algumas das questões que ainda precisamos examinar.

JAY: Obrigado a todos. Vocês podem saber mais na página de Jason, Truthout [1]. E também, na nossa página. Os documentaristas mantêm um blog, no qual publicaram a entrevista de Richard Clarke [2] com links para outros documentos . Obrigado a todos.



Notas de tradução

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