terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Prossegue o caso do avião-robô (drone) espião que se suicidou


13/12/2011, Al-Jazeera, Qatar
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu
Ver vídeo (narrado em inglês) na página da Al Jazeera

Sobre o mesmo caso do avião-robô (drone) espião, ver, em português:
8/12/2011, “O caso do drone que se suicidou”, Pepe Escobar (do Asia Times Online
8/12/2011, “Quem bate os tambores de guerra contra o Irã?”, Terry Jones do Guardian

O Irã rejeitou o pedido dos EUA, para que devolvesse o avião-robô espião que os iranianos capturaram em território iraniano, semana passada. O Irã também exigiu que Washington desculpe-se pela invasão do território iraniano.

O presidente Barack Obama fez o pedido em conferência de imprensa, ao lado de Nuri al-Maliki, primeiro-ministro do Iraque, na 2ª-feira, na Casa Branca.

“Pedimos que nos devolvam. Vamos ver o que os iranianos respondem” – disse Obama.

Porta-voz do ministério das Relações Exteriores do Irã, na 3ª-feira, acusou os EUA de violarem o espaço aéreo do Irã, em operação de espionagem, contrária ao que determina a legislação internacional.

“Em vez de pedir desculpas oficiais, os EUA apresentam um pedido absolutamente descabido. Os EUA já deveriam saber que qualquer violação de espaço aéreo do Irã cria grave ameaça à paz e à segurança mundiais” – disse Ramin Mehmanparast.

Em entrevista à televisão estatal da Venezuela, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse que especialistas iranianos controlaram o avião-robô, pousaram-no sem qualquer dano à estrutura e, agora, analisam os sistemas de vôo e de inteligência que transporta.[1]

“Parece que os norte-americanos resolveram nos entregar esse avião-robô espião. O robô espião está conosco, sob nosso controle. Os nossos técnicos, é claro, analisarão o robô. De fato, não é absoluta novidade. O Irã têm especialistas que saberão fazer bom proveito do avião-robô, que não deveria voar sobre território iraniano, mas voava. 

“Temos planos avançados para construir aviões pilotados por controle remoto, estamos bastante avançados e, agora, com o robô dos EUA, as coisas andarão mais rápidas” – disse Ahmadinejad.

Essa semana, o Irã formalizou queixa, na ONU, contra a invasão “profunda” de seu espaço aéreo, na região leste do país, por um avião-robô norte-americano; e divulgou imagens do que, sim, parece ser o drone espião, de altíssima tecnologia.

“Ações clandestinas e de provocação”

O ministro das Relações Exteriores do Irã convocou o embaixador suíço (que representa interesses dos EUA, no Irã, onde não há embaixada norte-americana) e fê-lo saber que o incidente sugeria fortemente que Washington estaria subindo o tom de “ações clandestinas e de provocação” contra Teerã – informava a página internet da televisão estatal iraniana, semana passada.

O país exigiu que a ONU condene as “operações clandestinas”, cujo número, segundo a queixa, aumentou muito nos últimos meses.

Em carta dirigida a Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, o embaixador do Irã na ONU diz que seu governo considera as incursões de aviões-robôs como “equivalentes de atos de hostilidade, violações e atos de agressão.” 

A carta diz que o Irã “protesta veementemente contra a violação profunda de seu espaço aéreo, por um avião-robô espião RQ-170”. E Teerã pede “resposta urgente e indispensáveis compensações, do governo dos EUA”. 

A mídia iraniana disse, no final do domingo passado, que um veículo aéreo de tipo RQ-170, comandado por controle remoto, havia sido capturado no espaço aéreo iraniano, mas não deu qualquer informação sobre onde o veículo teria caído. A mídia norte-americana disse que o avião caíra no leste do Irã, provavelmente por mau funcionamento. As imagens mostradas pela televisão irariana, contudo, não mostram qualquer sinal de danos à aeronave, que parece estar intacta, o que parece confirmar a versão extraoficial iraniana, de que hackers iranianos teriam assumido o controle do drone ainda em voo e o teriam pousado em segurança.

O drone RQ-170 Sentinel é veículo de alta altitude, de tecnologia stealth [invisível aos radares], fabricado pela empresa Lockheed Martin, cuja existência foi revelada em 2009 em revistas especializadas e, depois, confirmada pela Força Aérea dos EUA, em 2010. Para a mídia norte-americana, há perigo de que o Irã se aproprie da tecnologia altamente avançada (e secreta) que o drone transporta.


Nota dos tradutores
[1] Para imagens do avião-robô espião, agora em poder dos iranianos, ver Press TV, 8/12/2011, em: “Iran airs footage of downed US drone  

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