terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Comitê do Senado, nos EUA, vai ouvir os Geeks [1] sobre “Lei Antipirataria na Internet”


Perguntem a quem  entende da coisa!

David Kravets

9/1/2012, David Kravets, Wired  
Traduzido e comentado pelo pessoal da Vila Vudu


Entreouvido na Vila Vudu:
“A gente aqui não entende poooorcaria nenhuma dessas coisas. Tá certo. Mas... QUEM DISSE que o Senador Azeredo entende(ria)?! [pano rápido]


O deputado Republicano Darrell Issa (R-California), opositor ferrenho da “Lei Antipirataria Online” [orig. Stop Online Piracy Act, SOPA], anunciou ontem que vai trazer, para serem ouvidos no Senado, “o pessoal que entende disso”. Quer que expliquem aos deputados e senadores as implicações de policiar a Internet, como quer a lei em estudos nos EUA, que propõe que se modifique a infraestrutura da internet, com o o jetivo de combater online pressupostas agressões aos direitos de autor [copyrights].

O anúncio acontece três semanas depois de uma audiência para decidir sobre a lei antipirataria na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Deputados nos EUA ter sido repentinamente adiada, em meio a preocupações sobre os efeitos da lei (que impedirá nomes considerados ‘perigosos’ de acessar a rede e dará poder ao poder judiciário para introduzir mudanças na infraestrutura íntima da internet, para impedir violações de direitos de autor).

A disputa joga os grandes doadores [de dinheiro para campanhas eleitorais] de Hollywood contra o pessoal do Vale do Silício, ainda relativamente inexperientes dos mistérios da compra e venda de influência política. 

Hollywood argumenta que milhões de empregos são perdidos por ano, por culpa de websites piratas; o mundo tech argumenta que a natureza aberta da internet criou milhões de empregos, e que os detentores de direitos de autor já têm meios legais para combater usuários da rede que baixem ilegalmente filmes e músicas.

“É crucial para criar empregos nos EUA, que a internet seja mantida completamente aberta e livre. É crucial também para as operações do governo e para muitas rotinas da vida diária das pessoas, em todos os aspectos da vida” – disse Issa numa declaração. “O público tem direito de ouvir discussão clara e completa sobre as consequências de alterar-se o modo como os cidadãos encontram informação e comunicam-se hoje, usando a internet.”

Issa é presidente da Comissão da Câmara de Deputados de Supervisão e Reforma da Administração. A audiência para ouvir os geeks está marcada para o próximo dia 18 de janeiro.

O projeto em estudos autoriza os provedores de serviços de internet [orig. Internet service provider, ISP] a alterar registros no sistema da rede, para localizar sistemas de nomes de domínios [orig. Domain Name System, DNS], de modo que determinados usuários não possam navegar em determinadas páginas. Ou, se os provedores de serviços insistirem em não introduzir informações falsas nos sistemas de nomes de domínios, como o Departamento de Justiça pode passar a ordenar, nesse caso terão de empregar algum outro método, como “deep-packet inspection”, para impedir que os usuários consigam entrar nos websites acusados de infringir direitos de autor.

Os provedores de serviços de internet poderiam, por exemplo, adotar táticas do Firewall “Grande Muralha da China” para farejar tráfego que esteja em busca de alguma página proibida e simplesmente bloquear aquele acesso.

Dentre os convidados a falar na Comissão de Issa, está Stewart Baker, ex-direto do Departamento de Segurança Nacional, que disse que a Lei Antipirataria Online [ing.SOPA], “pode provocar grave dano à segurança da internet”.


Também está convidado Dan Kaminsky, da DKH, e especialista em sistemas de nomes de domínios. Introduzir informação falsa no sistema de nome de domínio – que é a ‘lista telefônica’ da rede – de nada adiantará; impossibilitará iniciativas de segurança; e levará a introduzir ‘remendos’ [orig. workarounds, soluções sempre temporárias e precárias, que ajudam a fazer funcionar um programa, mas quase sempre fragilizam todo o programa e o sistema] nos programas – como se lê em artigo assinado por Steve Crocker, da Shinkuro; David Dagon, de Georgia Tech; Danny McPherson, da Verisign; Paul Vixie, do Internet Systems Consortium; e o próprio Kaminsky.

Outros que também devem falar à Comissão de Issa são Brad Burnham, sócio de Union Square Ventures; Michael Macleod-Ball, advogado da União Norte-americana pelas Liberdades Civis; Lanham Napier, chefe executivo da Rackspace; Leonard Napolitano, diretor do Centro de Ciências Computacionais e de Tecnologia da Informação dos Sandia National Laboratories; e Alexis Ohanian, cofundador de Reddit.com.

Dia 16/12, o deputado Lamar Smith (R-Texas), que preside a Comissão de Justiça da Câmara de Deputados, fez parar a tramitação da Lei Antipirataria Online, para que a Comissão possa ouvir especialistas em internet. Mas ainda não há novas audiência marcadas naquela comissão.

Contudo, a Comissão de Justiça já ouviu representantes da Associação dos Produtores de Filmes dos EUA, em novembro; e, antes, jamais cogitou de ouvir também especialistas em arquitetura da internet. Michael O’Leary, um dos vice-presidentes da Associação dos Produtores de Filmes dos EUA, disse àquela comissão, que as preocupações com segurança da rede “estão sendo exageradas”.

No contexto da segurança, muitos especialistas em internet insistem que a nova lei em estudos quebrará o caráter universal da internet e porá em risco os esforços, que o governo dos EUA apóia e empreende, no sentido de impedir que hackers ocupem a rede, usando entradas falsas de sistema de nome de domínio.




Nota dos tradutores
[1] Geek é palavra de gíria. Aplica-se, em geral, aos maníacos, obcecados, quase sempre, por internet

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