quinta-feira, 14 de março de 2013

Depois da Marinha e do Exército, a Força Aérea dos EUA também corta as bolsas de estudo para militares


12/3/2013, Charlie Reed e Jennifer H. Svan, Stars and Stripes
Excerto traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Entreouvido no Beco da Fome da Vila Vudu: Os EUA, abrindo o bico... Imagine que você é soldado da “única superpotência”, está no deserto do Sudão ou do Afeganistão e recebe um e-mail do comando, nos gabinetes com ar condicionado, em Washington, informando que acabôsse-o-que-era-dôce... Pois é. Aconteceu.
Taí! Em matéria de detonar os EUA por dentro, os Republicanos são muuuito mais eficientes que o PSDB-Br: detonaram as bolsas de estudo, mas salvaram os cortes de impostos da era Bush só para os ricos. “PSDB?!” Que PSDB?! “Papa”? Que papa?! Papa Who?!

Charlie Reed
Depois da Marinha e do Exército, a Força Aérea dos EUA também já cancelou todas as bolsas de estudo para militares, por causa dos cortes no orçamento federal.

O pessoal da Força Aérea no Pacífico começou a ouvir as primeiras notícias na 3ª-feira pela manhã. Em fala do comandante na Base Aérea de Yokota, o comandante do 374th Airlift Wing, coronel Mark August, disse ao pessoal que todos os pedidos de bolsas de estudo apresentados depois de 12/3 seriam rejeitados pela Força Aérea.

“Sugiro que telefonem para saber em que pé estão os pedidos de bolsas” – disse ele.

Segundo o coronel August, por causa da estrita limitação que a Força Aérea está aplicando, a educação profissional da Academia para Oficiais Não Comissionados e a Escola para Oficiais de Esquadrão também sofrerá cortes.

Os comandantes – ainda segundo August – terão de dar prioridade ao pessoal da Força Aérea já inscritos para frequentar aquelas escolas.

Um aviador fala com um representante da Grande Canyon University em uma feira de educação na Vandenberg Air Force Base, Califórnia, 16 de agosto de 2012.
Na Base Aérea em Ramstein, na Alemanha, os telefones não pararam de tocar no centro de educação, durante toda a manhã de 3ª-feira. As vozes dos que telefonavam iam da fúria à descrença: “Como assim?! Por que não posso me inscrever?!”.

“Foi, provavelmente, uma das manhãs mais alucinadas da minha carreira” – disse Keith Davis, diretor de educação e treinamento em Ramstein, que atendeu alguns daqueles telefonemas. “O que está acontecendo é inacreditável”.

A mensagem oficial de que a Força Aérea dos EUA já havia suspendido todas as bolsas e estava devolvendo todos os pedidos de assistência e bolsa para educação “chegou ontem, em horário dos EUA”, disse Davis na 3ª-feira. “Recebemos um e-mail essa manhã, do centro de educação”, informando o pessoal da Força Aérea sobre a mudança.

Quando o pessoal acordou, na manhã de 3ª-feira na Alemanha, já ninguém conseguiu apresentar novos pedidos de bolsas de estudo pelo portal da Força Aérea. Uma mensagem, no portal, dizia, em letras vermelhas: “O serviço de Assistência da Força Aérea para Bolsas de Estudo não está disponível”.

O capitão Nicholas Plante, um dos porta-vozes da Força Aérea no Pentágono, disse na 3ª-fiera que o secretário da FA Michael Donley tomou a decisão de cortar as bolsas na 2ª-feira às 17h, hora de Washington. Os oficiais dos serviços de educação da Força Aérea foram imediatamente notificados e a FA decidiu distribuir declaração na 3ª-feira, para todo o mundo, por sua página – disse Plante.

O “sequestro” [orig. Sequestration [1]], disse ele, está tendo “efeito devastador” na mobilização e na prontidão da força de trabalho. “Temos de fazer escolhas difíceis, para preservar esses tipos de coisas”.

Plante disse que a suspensão das bolsas de estudo atinge todos, inclusive a Força da Reserva e a Guarda Aérea Nacional em serviço.

Semana passada, o Exército e os Marines anunciaram movimentos semelhantes, e já se esperava que a Marinha anunciasse mudanças no programa de bolsas de estudo. (...) Nos próximos meses, a Força Aérea reavaliará o programa – disse Plante. (...)

Na base Ramstein, na Alemanha, cerca de 1.600 estudantes recebem bolsas de estudo, segundo Davis. Há cerca de 70 pedidos à espera de aprovação. (...)

“Estamos aconselhando o pessoal a não desistir da formação”, e procurar outros benefícios ainda disponíveis, como a G.I. Bill  [2] disse Plante. Os cortes não afetam a G.I. Bill. (...)


Notas dos tradutores

[1] Sequestration é um procedimento de “política fiscal” que o Congresso dos EUA adota, como medida para enfrentar o déficit de orçamento. Em termos simples; é um modo de forçar cortes de despesas em programas do governo e usar o dinheiro para reduzir o déficit. Os EUA estão hoje sob Sequestration, depois que falharam todas as tentativas de acordo entre senadores e deputados para aprovarem o orçamento do governo Obama. Sem esse Sequestration, os EUA teriam caído no que muitos chamavam de “despenhadeiro fiscal” [orig. “fiscal Cliff”] que teria eliminado todos os cortes de impostos da era Bush [via inadmissível para a maioria Republicana no Senado] e implantaria cortes generalizados em vários programas federais e nos gastos da defesa. [Essa explicação é insuficiente, mas ajuda a entender por que as forças armadas dos EUA estão fazendo os cortes nas bolsas de estudo dos militares, como se vê aí, das três armas. Valham o que valerem.

[2] A Servicemen’s Readjustment Act [aprox. Lei de Reajuste de Combatentes] de 1944 (P.L. 78-346, 58 Stat. 284m), chamada informalmente de G.I. Bill [sigla informal de “Government Issue” ou “General Infantry”, designava os soldados norte-americanos da 2ª Guerra Mundial], foi lei que assegurou vários benefícios aos veteranos da 2ª GM (hipotecas mais baixas para compra de moradia, empréstimos de juros baixos para iniciar atividade comercial ou fazenda, bolsas de estudo e dinheiro para garantir o próprio sustento e outros benefícios.  

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