quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Agência de Segurança Nacional dos EUA grampeia a Google. OK. Mas... E a espionagem econômica?

31/10/2013, Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Certa vez, eu disse a uma empresa para a qual presto serviços:

É importantíssimo que vocês não usem NENHUM serviço baseado em nuvem. Vocês estariam entregando o controle dos dados de vocês a muitas mãos desconhecidas.



Usar serviços em nuvem é modismo estúpido. Como o New York Times pode esperar alguma privacidade na coleta de informes e notícias, se seus sistemas de e-mail são “terceirizados” para a [empresa] Google? Não. Não pode contar com nenhuma privacidade.

Barton Gellman, em matéria para o Washington Post (“Agência de Segurança Nacional dos EUA invadiu links para os centros de dados de Yahoo e Google, em todo o planeta – dizem documentos de Snowden”), diz que:

Barton Gellman
A Agência de Segurança Nacional dos EUA entrou secretamente nos principais elos [links] de comunicações que conectam os centros de dados das empresas Yahoo e Google por todo o planeta, segundo documentos obtidos pelo ex-empregado terceirizado da Agência de Segurança Nacional dos EUA, Edward Snowden, e entrevistas com funcionários bem informados.

Tendo “grampeado” esses links, a agência posicionou-se para recolher o que bem entendesse do material de centenas de milhões de contas de usuários, muitas das quais são contas de cidadãos dos EUA. A Agência de Segurança Nacional dos EUA não armazena tudo que coleta, mas armazena muita coisa.

Duvido que esse esquema restrinja-se ao tráfego entre centros de dados de Google e Yahoo. O mais provável é que o tráfego de outros grandes serviços em nuvem – Apple, Microsoft, Amazon, etc. – também seja “grampeado” por algum sistema da Agência de Segurança Nacional dos EUA.

Imediatamente depois de o artigo de Gellman ter aparecido no jornal de hoje (30/10/2013), o diretor da Agência de Segurança Nacional dos EUA, general Alexander, foi interrogado sobre a matéria, durante depoimento ao Congresso:

Keith Alexander
O diretor da Agência de Segurança Nacional general Keith Alexander já foi obrigado a responder, hoje mesmo, ao mais recente escândalo publicado sobre as atividades de vigilância da Agência; primeiro, disse que não sabia da publicação; em seguida, negou a substância da matéria publicada.
...
“Não sei de que matéria estão falando” – disse Alexander. Perguntado sobre se a Agência de Segurança Nacional grampeara os centros de dados, Alexander respondeu “Não, que eu saiba. Que eu saiba, isso nunca aconteceu”.

As transcrições dos depoimentos ainda não foram divulgadas, e é bem possível que Alexander tenha dito a verdade, em termos literais – é possível que a Agência de Segurança Nacional dos EUA não tenha grampeado centros individuais de dados – e, ao mesmo tempo, é possível que, factualmente, ele esteja mentindo. Num serviço hospedado em nuvem, vários centros de dados são vistos como um só, do ponto de vista de sistema. É o que mostra o desenho a seguir.

Grampear o tráfego entre eles não é diferente de grampear um deles. Alexander sabe disso e disse o que disse como uma espécie de negativa que nada nega e que também atende pelo nome de “mentira”.

Trata-se sempre, sempre e sempre dos pontos para conversação do 11/9 preparados por funcionários da Agência de Segurança Nacional [1] e que a rede Al-Jazeera obteve por força da Lei da Liberdade de Informação [orig. Freedom of Information Act (FOIA)]. Os pontos para conversação são também um amontoado de mentiras sobre a regulação que rege (ria) a Agência de Segurança Nacional dos EUA. Na verdade, não há regulação alguma. Nada. Nenhuma regulação. A Agência de Segurança Nacional é o estado profundo dos EUA.

É claro que a arapongagem-espionagem pela Agência de Segurança Nacional dos EUA nada tem a ver com 11/9. Ali se trata sempre, sempre, de controlar indivíduos e empresas comerciais, sociedades e economias.

Esse detalhe continua ausente de todas as matérias e reportagens sobre “a espionagem” pela Agência de Segurança Nacional dos EUA, por mais que todos saibam que a espionagem econômica é uma das principais tarefas da Agência de Segurança Nacional dos EUA.

No passado, em 1995, artigo do NewYork Times já explicava:

Bill Clinton
Espionar aliados para obter vantagens econômicas é a nova e crucial tarefa atribuída à CIA, agora que a política exterior dos EUA está focada em interesses comerciais no exterior. O presidente Clinton deu alta prioridade em seu governo à inteligência econômica, informação especificamente para proteger e defender a competitividade, a tecnologia e a segurança financeira dos EUA, em mundo no qual uma crise econômica pode alastrar-se, em minutos, pelos mercados globais.
...
No Departamento do Tesouro, no gabinete comercial e na Divisão de Comércio, os funcionários dizem que, agora, recebem uma torrente de informações vindas da CIA.

A espionagem econômica é, muito provavelmente, a principal razão pela qual a Agência de Segurança Nacional dos EUA mantém grampeados os chefes de estados militarmente aliados, como a chanceler Merkel. Conhecer suas decisões mais prováveis em questões econômicas permite que os EUA e os bancos conectados à Agência de Segurança Nacional dos EUA extraiam a máxima vantagem possível, antes de as decisões serem divulgadas para o grande público. 

E fica-se a pensar... Quantos bilhões/dia as empresas norte-americanas roubam mediante esses ardis!

Fica-se a pensar também quanto tempo demorará, para que outros países e gente como meu cliente acordem para esse fato e tratem de implantar regime muito mais estrito de segurança de dados, para proteger sua própria informação? O que mais terão ainda de compreender sobre a atitude “acessar tudo” da Agência de Segurança Nacional dos EUA?




Nota dos tradutores

[1] Ver em: 17/10/2013: FOIA Case: 71184B (aqui traduzido)
(...) Esse documento complementa a resposta ao seu pedido, nos termos da Lei da Liberdade de Informação [orig. Freedom of Information Act (FOIA)] de 13/6/2013, recebido nesse escritório dia 14/6/2013, de “cópias dos pontos para conversação [orig. talking points] e de todos os documentos, o que inclui, mas não se limita a e-mails, relatórios, memorandos, transcrições, usados para preparar os supracitados pontos para conversação para os membros do Congresso, a imprensa e todos e quaisquer dentro do governo Obama, sobre o vazamento de informação relativa às atividades de vigilância da Agência de Segurança Nacional. Para que fique bem claro: o vazamento noticiado pela primeira vez pelos jornais The Guardian e Washington Post em 27/6/2013, o senhor concordou com limitar o escopo do pedido a: “versão final dos pontos para conversação; documentos dos quais foi extraída informação para compor os pontos para conversação; e o “de acordo” final dos que usassem os pontos para conversação como conteúdo” (...). E o documento continua...

Quatro grandes mudanças na Prosperidade Global

30/10/2013, [*] Nathan Gamester, Harvard Business Review
Traduzido e interpretado pelo pessoal da Vila Vudu

Prosperity Índex [Índice de Prosperidade], outubro 2013:

BRASIL: 46º, de 142 países
Melhor indicador: 26º em Liberdade Pessoal
Pior indicador: 82º em Proteção e Segurança
PIB per capita: $11.908,9 USD
Satisfação com a própria vida: 6,9 de 10,0.

DESTAQUE: A partir de 2009, o Brasil subiu dois pontos no Índice de Prosperidade; e quatro pontos no subíndice Empreendedorismo e Oportunidade.

Devemos a Abraham Maslow aquela famosa observação – “quando sua única ferramenta é um martelo, tudo parece prego”. É fácil compreender a implicação: quem tente resolver problema complexo deve começar por arranjar vasto conjunto de ferramentas.

Martelo de Maslow
É curioso, portanto, que continuemos a nos deixar prender na armadilha de só procurar uma ferramenta dominante para medir o sucesso dos países – a régua frágil do crescimento econômico – e de crer que os remédios que essa régua sugira seriam os únicos modos de conseguir progredir.

É claro que o sucesso econômico é importante – obviamente oferece aos cidadãos os itens que melhoram a vida (atenção à saúde, educação, etc.) – mas só até certo ponto. Só a riqueza não faz uma sociedade feliz e bem-sucedida. Aferir o sucesso baseado exclusivamente na riqueza deixa, portanto, sem considerar as muitas nuances do bem-estar humano. A prosperidade nacional deve ser definida também por liberdade humana, democracia sólida, sociedade vibrante e oportunidade para empreender, tanto quanto se define também por crescimento econômico.

Em anos recentes, os governos começaram a dar-se conta de que se focar exclusivamente em fazer crescer o PIB não leva necessariamente à melhoria dos padrões de vida dos cidadãos. Dito de forma simples, o que ajuda a engordar o PIB pode não ser bom para a melhoria da sociedade no longo prazo. Conclusão disso é descobrir que o que nós aferimos tem de corresponder ao que nós valorizamos.

Nos últimos sete anos, o Legatum Institute tem liderado essa discussão “para além do PIB”. Nosso Índice de Prosperidade – cuja edição 2013 lançamos ontem (29/10/2013) – afere a prosperidade nacional considerando oito eixos nos quais se combinam dados “duros” e dados de pesquisa. O resultado é a mais ampla avaliação da prosperidade nacional definida como nós a definimos.

Entrada do Legatum Institute em Londres - 11, Charles Street
Esse ano, o Índice de Prosperidade oferece cinco anos consecutivos de dados comparáveis. O mundo mudou muito nos últimos cinco anos, e houve eventos que mudaram o curso da história para milhões de pessoas: a crise financeira de 2008, a Primavera Árabe e a guerra civil na Síria, para citar apenas alguns.

Avaliar a prosperidade nacional, considerando tendências em cinco anos de dados, nos permite escapar das idas e vindas de circunstâncias especiais e, em vez disso, podemos considerar a direção geral do deslocamento. E o que vimos, desse ponto privilegiado de observação. Quatro linhas destacam-se claramente.

A prosperidade global está aumentando. Apesar dos eventos tumultuosos dos últimos cinco anos, a prosperidade global continua a aumentar. O movimento explica-se pelos grandes avanços tecnológicos, com mais e mais pessoas obtendo acesso a infraestrutura vitalmente necessária para que o comércio e o empreendedorismo prosperem. Houve também importantes avanços na saúde global (sobretudo na África Sub-saariana). Por exemplo, a expectativa de vida na África Sub-saariana, só a partir de 2010, aumentou mais de três anos.

A América Latina está mais próspera e continua prosperando. O Índice de Prosperidade mostra que a América Latina é região que continua a prosperar, com consistente crescimento econômico. México, Brasil, Chile e Panamá têm ótimo desempenho na aplicação de medidas econômicas. De fato, nos últimos cinco anos, todos os países da América Latina e Caribe (exceto a Jamaica) melhoraram seu desempenho econômico, pelo nosso Índice.

O que a Europa perde, a Ásia ganha. A tendência que se vê na América Latina soma-se a outra tendência mais ampla, que mostra a emergência de uma nova ordem econômica emergente. Vários países ocidentais – predominantemente europeus – perderam as posições que ocupavam entre as economias de melhor desempenho em todo o mundo e foram substituídas, nessas posições de ponta, por países asiáticos. Malásia, China e Tailândia estão agora entre as 15 principais economias em termos de medidas econômicas aplicadas com sucesso, e ocupam lugares no ranking de nações mais prósperas que, há cinco anos, pertenciam a países como Dinamarca, Finlândia, Países Baixos e Irlanda.



Bangladesh supera a Índia. Pela primeira vez, Bangladesh aparece à frente da Índia no Índice de Prosperidade: está em 103º lugar, com a Índia em 106º. Desde 2009, os dois países movem-se em direções opostas. A Índia perdeu pontos em seis dos oito eixos da prosperidade; e Bangladesh melhorou sua posição também em seis dos mesmos oito eixos. A Índia caiu mais dramaticamente nos números de Proteção e Segurança, Economia e Qualidade da Governança. Os dados mostram que os cidadãos de Bangladesh estão vivendo mais, gozam de melhor saúde e usufruem de mais segurança, que os indianos.

Usar um quadro amplo para avaliar o sucesso permite compreender mais claramente os fatores que promovem e limitam a prosperidade. Isso – usando a terminologia de Maslow – garante a quem proponha políticas ferramentas melhores que apenas um martelo, para consertar o que tenha de ser consertado.

O caminho da prosperidade é complexo para as nações. A história do progresso humano mostra enorme quantidade de fatores que se combinam para empurrar os países avante, na trilha do desenvolvimento. A combinação precisa no ordenamento desses elementos pode ser sempre debatida e questionada, mas a verdade permanece: em todos os casos, o progresso das nações e o progresso humano são mistura complexa de fatores variados.


O Índice de Prosperidade, como a mais famosa contribuição de Maslow (a “pirâmide” das necessidades), procura oferecer um quadro no qual seja possível compreender e quantificar os fatores que impulsionam o progresso e o desenvolvimento.




[*] Nathan Gamester é Diretor de Programa do Prosperity Índex no Legatum Institute.


Optar por sair - O Estado Corporativo de Vigilância

29/10/2013, [*] Ralph NaderCounterpunch
Traduzido por João Aroldo


Liberdade pessoal? Independência? Democracia?
Os EUA foram fundados nos ideais de liberdade pessoal, independência e democracia. Infelizmente, a espionagem em massa, vigilância e a infinita coleção de dados pessoais ameaça minar as liberdades civis e nossos direitos à privacidade. O que começou como meio necessário de reconhecimento e coleta de inteligência durante a Segunda Guerra Mundial se transformou em um estado espião fora de controle em que entidades tanto governamentais como comerciais estão desesperadas por coletarem o máximo de dados que conseguirem. Nós estamos no meio de uma invasão total do que não é da conta deles e isso parte tanto de fontes governamentais quanto corporativas. Espionagem e coleta de dados virou um grande negócio. Nada está fora do alcance deles.

Edward Snowden
A Agência Nacional de Segurança (National Security Agency - NSA) fortalecida pelo Patriot Act certamente abriu uma trilha. As revelações proporcionadas por Edward Snowden trouxeram à luz os piores medos que os críticos do Patriot Act expressaram em 2001. O estado nacional de segurança deu um cheque em branco para a paranoica comunidade de inteligência a fim de coletar dados sobre quase todo mundo. Internet e comunicação telefônica de milhões de cidadãos norte-americanos e milhões de cidadãos e líderes de outros países. Mesmo de países amigos como Alemanha, França e Brasil foram alvos de espionagem – mais de 30 líderes estrangeiros, como a chanceler alemã Angela Merkel e a presidente brasileira Dilma Rousseff foram alvos dessa espécie de arrastão de coleta de dados. Mais flagrantemente, dispositivos secretos teriam sido colocados em escritórios da União Europeia e, antes, pelo Departamento de Estado de Hillary Clinton nas Nações Unidas para espionar diplomatas. Os líderes mundiais não estão satisfeitos, para dizer o mínimo.

Muitos americanos também não estão satisfeitos. E enquanto a maioria na recente revolta pública nos EUA tem sido direcionada para casos de espionagem do governo, empresas privadas gigantes são tão ou mais culpadas da preocupante invasão da privacidade. Empresas como Google, Apple, Microsoft e Facebook descaradamente coletam e comercializam dados pessoais - muitas vezes disfarçando suas ações com complicados contratos de usuário em letras miúdas que a maioria das pessoas, que são seus proprietários, “aceita” sem qualquer consideração. Ao clicar em “Eu concordo” em um contrato de usuário amplo, não negociável, para um site ou um programa de software é, para a maioria das pessoas, apenas mais um clique sem sentido do mouse no processo de inscrição.

Esses contratos “pegar ou largar” deixam o consumidor com pouco poder para proteger seu próprio interesse. Leia em Fair Contacts, artigo de 25/10/2013 Cat Lobster Warns: Save Your Face!, nosso extenso trabalho sobre esta questão. Visite também o blog Terms of Service; Didn’t Read (“Termos de Serviço; Não Li”) para obter um recurso valioso que resume e revisa contratos online e para que os usuários possam ter um melhor entendimento do que estão aceitando.

Gato-Lagosta (Cat Lobster)
Na semana passada, foi noticiado que o Google planeja lançar um novo recurso de publicidade chamado “Apoios compartilhados”. Esta política permite ao Google o direito de criar endossos de usuários em anúncios online. Assim, se um usuário do Google partilhar sua preferência por um determinado produto online, o seu endosso pode acabar em destaque em um anúncio sem qualquer aviso prévio ou pagamento. Claro, os usuários podem optar (“opt-out”) por não fazerem parte deste programa — mas quantos milhões vão continuar ignorantes do fato de que eles involuntariamente optaram por participarem ao clicar seu consentimento aos termos do contrato que eles não se deram ao trabalho de ler por falta de hábito. (A declaração oficial do Google afirma que a ação é para “assegurar que suas recomendações cheguem às pessoas que se preocupam”).

Opting-out (Optar por sair) deve ser a opção padrão para todos estes tipos de acordos.

Crianças em idade escolar também estão sendo alvo dos coletores de dados em massa. InBloom, uma organização sem fins lucrativos com sede em Atlanta, oferece uma solução de banco de dados para registro de estudantes entre as classes K-12 (ensino pré-escolar até o início do médio). Em teoria, este serviço deveria tornar mais fácil para os professores utilizarem produtos e ferramentas educacionais emergentes. Mas, na prática, muitos pais estão preocupados com a forma como esses dados serão utilizados – em um caso, por exemplo, os números de segurança social dos alunos foram enviados para o serviço. Um pai disse ao New York Times:

É uma nova experiência para centralizar uma quantidade enorme de metadados sobre as crianças para compartilhar com os fornecedores... e, em seguida, os vendedores irão lucrar com a comercialização dos seus produtos de aprendizagem, suas aplicações, seus materiais curriculares, os seus videogames, de volta para os nossos filhos.

O Facebook apresenta outro risco de data mining para crianças. Embora o Facebook não permita crianças com menos de 13 anos — a lei de proteção da privacidade infantil online (Children’s Online Privacy Protection Act) previne a coleta de dados online sem permissão dos pais — mais de cinco milhões de crianças usam as redes sociais. Isto as expõe (e sua informação) a milhares de anunciantes que usam o Facebook para coletar dados de marketing e promover seus produtos. 

Crianças no Facebook, uma péssima ideia...

Veja o recente relatório do Centro para Democracia Digital (Center for Digital Democracy), Five Reasons Why Facebook is Not Suitable For Children Under 13. Recentemente, o Facebook mudou sua política de privacidade para permitir que adolescentes entre 13 e 17 anos pudessem compartilhar seus posts com todo mundo, ao invés de apenas com sua rede de amigos.

O apetite insaciável por dados também está atingindo além do âmbito digital.

O Washington Post recentemente informou que a Mondelez International, a empresa atrás das marcas de snacks Chips Ahoy e Ritz, tem planos para usar sensores de câmeras em prateleiras de salgadinhos para coletar dados de consumo. Estas “prateleiras inteligentes” podem fotografar e armazenar a estrutura facial do consumidor, idade, peso e mesmo detectar se eles pegaram alguma coisa das prateleiras. Este dispositivo depois pode usar os dados coletados para atingir consumidores com “anúncios personalizados”. Por exemplo, na fila do caixa, uma tela de vídeo pode oferecer um desconto de 10% de uma caixa de biscoitos que você pegou, mas depois desistiu de comprar. O Post informa:

A empresa espera que a prateleira ajude a levar mais os produtos certos diretamente para os consumidores certos, e até mesmo convença os indecisos a se comprometer com uma compra por impulso.

Câmera Kinect da Microsoft (sensor)
Esta prateleira inteligente é feita com a tecnologia de câmera “Kinect” da Microsoft, que tem a capacidade de escanear e lembrar de rostos, detectar movimentos e até mesmo ouvir as batidas do coração. A Microsoft desenvolveu a câmera Kinect como um dispositivo de controle de videogame caseiro. À luz da relatada conexão da Microsoft ao programa de coleta de dados PRISM da NSA, por que alguém conscientemente levaria uma sofisticada câmera espiã para sua sala de estar?

Imagens (à esquerda) obtidas com a Câmera Kinectic
Na mesma linha, alguns varejistas estão usando smart phones para rastrear o movimento de clientes em sua loja para obter informações sobre os produtos que eles olham e por quanto tempo — semelhante à forma como Amazon rastreia hábitos de compradores on-line para que possa encaminhá-los para outros produtos que os algoritmos decidam ser interessantes. O O senador Chuck Schumer (Democrata-NY) pediu para a Comissão de Comércio Federal (FTC) regular essa prática perturbadora.

Ele anunciou recentemente um acordo com oito empresas analíticas para instituir um “código de conduta” para a utilização desta aparente tecnologia orwelliana. O senador Schumer disse à Associated Press:

Quando você entra em sua loja para suas compras de Natal, haverá um sinal que diz que você está sendo monitorado e, se você não quiser, você pode muito simplesmente optar por sair.

Os detalhes sobre como exatamente alguém sai (opt-out) desta tecnologia invasiva, sem ter que deixar seu celular em casa, ainda não está claro.

Com todos esses exemplos invasivos do Big Brother, poder-se-ia querer optar por sair completamente do mundo digital, e evitar supermercados e lojas que espionam os clientes. Infelizmente, isso está se tornando cada vez mais difícil em um mundo cada vez mais obcecado pela tecnologia.

É hora de os cidadãos se levantarem e exigirem seus direitos à privacidade, que é uma propriedade pessoal. A vigilância em massa e a coleta de dados desenfreada não são aceitáveis e não devem ser o status quo. Lembre-se que houve uma época em que o governo federal poderia defender o nosso país sem o acesso ilimitado aos registros de computador, e-mails, histórico de busca on-line e escutas telefônicas sem autorização judicial. As empresas poderiam ter sucesso sem rastrear e registrar seus hábitos de compras e os registros dos alunos não são mercadorias para serem negociadas. Por que eles agora fazem o que fazem? Porque podem.

Lembre-se, o que você permite ser tirado de você pelas empresas privadas também pode acabar nos arquivos de órgãos governamentais.

Neste sábado, uma coalizão de grupos incluindo a ACLU, Public Citizen, Electronic Privacy Information Center (EPIC), o Partido Libertáro, (Libertarian Party) e muitos mais estão se reunindo no National Mall para protestar contra a vigilância em massa pela National Security Agency. Este é um positivo primeiro passo para avisar nossos representantes eleitos que cessar a coleta de informação pessoal privada sobre você é importante e a vigilância em massa deveria ser proibida.

Visite Stop Watching Us para mais informações sobre a passeata deste domingo (é passado) (27/10/2013). Junte-se ao movimento para acabar com esses abusos crescentes que fortalecem a tirania exercida pelas esquivas agências federais.
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[*] Ralph Nader é um defensor dos consumidores, advogado e autor de Only the Super-Rich Can Save Us! É co-autor de Hopeless: Barack Obama and the Politics of Illusion, publicado pela AK Press. Hopeless também está disponível como edição Kindle .


A briga da Arábia Saudita na ONU é contra Obama (2/2)


30/10/2013, [*] MK  BhadrakumarStrategic Culture
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Ler antes:
23/10/2013, redecastorphoto[*] MK BhadrakumarStrategic Culture, em: A briga da Arábia Saudita na ONU é contra Obama (1/2).

A Arábia Saudita e a ONU
A lista de questões nas quais Arábia Saudita e EUA estão em campos opostos na política do Oriente Médio não para de aumentar – Irã,  Egito,  Síria, Bahrain,  Iraque.

Algumas questões, como Irã ou Síria, vão-se convertendo em grandes pontos de discordância, enquanto em outros já há marcadas diferenças, como, por exemplo, nos tumultos no Bahrain ou na questão da democratização do Egito. Os sauditas sentem-se abandonados em mar alto e anteveem tempestades que se formam no horizonte...

Riad enfrenta hoje uma experiência absolutamente nova nas estratégias regionais dos EUA para o Oriente Médio. Há setenta anos, aquelas estratégias usaram como eixo os laços com a Arábia Saudita, sem parar, desde quando o então presidente dos EUA Franklin Roosevelt deixou a reunião histórica de Yalta, com Joseph Stalin e Winston Churchill, e partiu para um rendez-vous secreto, no cruzador USS Quincy, no Grande Lago Salgado do Canal de Suez em fevereiro de 1945, com o rei Abdul Aziz (lbn Saud). Ali, os dois firmaram acordo não escrito, pelo qual Washington daria segurança militar à Arábia Saudita e concordava com fixar uma base militar em Dhahran, em troca de acesso ao suprimento de petróleo.

O governo Obama está assumindo visão mais estratégica dos interesses dos EUA no Oriente Médio, que qualquer governo antes dele. Em termos amplos, pode-se dizer que os interesses dos EUA na segurança e estabilidade da região não mudaram, essas preocupações gêmeas ainda tem tudo a ver com o fluxo sustentado de petróleo e gás para o mercado mundial, e com a segurança de Israel. Mas os meios para alcançar o mesmo fim estão mudando. As forças que foram libertadas pela guerra do Iraque de 2003 transformaram a região; e a Primavera Árabe trouxe para a cena a realidade de que não se inclui entre os interesses de longo prazo dos EUA serem vistos como protetores de regimes autoritários decadentes.

O não superado poder militar dos EUA revelou-se sem efeito, na modelagem das tendências regionais. Assim sendo, a ênfase na presença militar direta, ou a propensão a intervir militarmente, está mudando. Ao mesmo tempo, vai-se fixando a percepção de que excessiva interferência, e a ênfase na presença militar, tornaram-se contraproducentes e implicam insustentáveis custos humanos e econômicos.

Barack Obama na AG da ONU em setembro de 2013
Essa linha de pensamento é ainda nascente e incoerente; a primeira tentativa de dar-lhe forma coerente pode ter sido a fala do presidente Barack Obama na Assembleia Geral da ONU, mês passado. Na verdade, talvez ainda seja prematuro prever como se desenvolverá, especialmente sob o próximo presidente dos EUA. Nem a situação está sequer próxima de os EUA abandonarem seus aliados regionais ou seus relacionamentos especiais no Oriente Médio ou de darem as costas a muito duradouros compromissos regionais, como o seu “colar” de bases militares. Mas a tendência já é discernível – e pode-se conceber que assim permanecerá nesses tempos finais do governo de Obama e que, talvez, ganhe força.

Seja como for, os sauditas foram gravemente abalados quando viram a tendência começar a surgir, há dois anos, no Egito, quando o governo Obama retirou-se da linha de frente, apesar dos clamores dos aliados regionais e recusou-se a garantir uma linha de salvação a Hosni Mubarak. Ainda mais enfurecedor para os sauditas, foi ver o governo dos EUA a estabelecer laços de comunicação com a Fraternidade Muçulmana. Isso, sim, causou terrível incômodo em Riad. Como o conhecido autor e professor Vali Nasr escreveu essa semana no New York Times Riad vê a Fraternidade como representando

Vali Nasr
(...) o mesmo grau de ameaça à inamovível monarquia saudita que foi o populismo secular de Nasser (...) [E] o islamismo populista da Fraternidade, que promete justiça e igualdade, e empoderamento do indivíduo na religião e na política, ressoa profundamente entre os muitos jovens sauditas desempregados e inquietos.

Nasr concluiu que:

(...) nos anos vindouros, o maior desafio estratégico para a Arábia Saudita pode não ser o Irã, como foi, mas a Fraternidade.

O nó egípcio

Por outro lado, os EUA não podem deixar de considerar que a Fraternidade tornou-se uma força regional já no Maghreb e por todo o Oriente Médio cujo momento pode ter chegado. Isso interessou Washington, e negociar com a Fraternidade como entidade legítima na paisagem política do Oriente Médio é provavelmente a melhor garantia contra o movimento tornar-se mais extremado e vir a ameaçar a “legitimidade islâmica de todas as monarquias árabes”. Isso posto, os sauditas, por sua parte, estão furiosos, porque Washington até agora continua a recusar-se a aceitar o golpe militar no Egito, que eles apoiaram, nem apóia a repressão militar à Fraternidade.

Vai-se tornando difícil desfazer esse “nó egípcio” nas relações EUA-sauditas. Os sauditas desafiaram os EUA e estão bancando o governo provisório no Cairo, mas não impressionaram o governo Obama, o qual, ao contrário, suspendeu a ajuda militar que dava ao Egito e insiste na exigência de que o Egito volte a uma democracia “inclusiva” que admita a participação da Fraternidade. Os sauditas supuseram que o medo de levar os militares egípcios a diversificar suas fontes de armamentos forçaria Washington a voltar atrás, mas o governo Obama não parece intimidado – pelo menos até agora – e parece avaliar que, no longo prazo, estabelecer progresso econômico e estabilidade política na região será o melhor modo de assegurar segurança e estabilidade regionais, e que isso será bom também para os interesses estratégicos dos EUA.

Além de tudo mais, o atrito que surgiu nas relações da Arábia Saudita com o governo Obama tem tudo a ver com a situação interna no reino saudita. Em resumo, a paranoia em Riad está relacionada ao fantasma de o torvelinho regional chegar, em algum momento, a respingar na própria Arábia Saudita. É aflição que tem caráter existencial. Christopher Davidson, autor, professor e arabista britânico, escreveu recentemente que o “contrato social [da monarquia saudita] com seu povo está agora se rompendo publicamente, em escala significativa”. Seus dois argumentos chaves são que, em primeiro lugar, o tempo está acabando para a estratégia de subornar os manifestantes com petrodólares; e, em segundo lugar, que o nível atual de subsídios sociais – impressionante recorde de $500 bilhões – é insustentável, porque já é alto demais até para as economias do Golfo do petróleo árabe, inclusive a da Arábia Saudita.

Christopher Davidson
Davidson lembra que o break-even price [1] do petróleo é agora de mais de $115 no Bahrain, enquanto está chegando a $102 em Omã. O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou o Kuwait para que contenha os gastos em bem-estar e nos salários do setor público. Assim, Davidson concluiu, as medidas longamente testadas de dividir para governar, como estimular tensões sectárias e culpar a interferência externa, já não estão funcionando; e estão tendo “impacto demonstrável” na legitimidade do regime saudita, que “pode ruir antes do que muitos creem”.

De fato, documento recente do Carnegie Endowment for International Peace destaca que o governo dos EUA bem fará se previr tumulto social e político na Arábia Saudita. Os sauditas sentem-se amargurados ao constatar que a disposição do governo Obama para manter-se “do lado certo da história” no novo Oriente Médio que emerge só tem feito estimular populações inquietas em todo o mundo árabe, o que, por sua vez, incitará à agitação na vizinhança.

Porém, o corte mais doloroso de todos é a crescente evidência de que, com o governo Obama sem comprar a tese saudita na Síria e no Bahrain, Riad está lutando contra aliados de um Irã expansionista. Assim como na jogada com o Irã é importante para Israel manter o processo de paz no Oriente Médio em fogo lento, também é importante para o regime saudita insistir no ataque contra os xiitas no Bahrain e leste da Arábia Saudita – os quais são as reais vítimas de uma estratégia sectária viciosa fundamentada no wahhabismo.

A liderança saudita lastimou que o governo Obama não tenha lançado ataque militar contra a Síria mês passado; que tenha dado as costas à promessa de armar os rebeldes sírios com armamento pesado para derrubar o governo de Assad; e que, em vez disso, esteja trabalhando com a Rússia, para abrir a trilha diplomática via Genebra-2. Os sauditas estão fazendo horas extras para garantir que Genebra-2 não decole, e estão empenhados em nova tentativa para arregimentar os aliados árabes regionais, como se viu no mais recente movimento para organizar uma nova reunião em nível de ministros de Relações Exteriores da Liga Árabe, no Cairo, na próxima 2ª-feira (4/12/2013).

E tudo isso, enquanto melhora no ocidente a percepção sobre o regime sírio, graças à excelente cooperação que tem dado à ONU para a destruição das armas químicas e graças também à evidência, mais clara a cada dia, de que as forças do governo sírio são o único obstáculo importante que há contra o crescimento da al-Qaeda naquela parte da região.

Águas desconhecidas

Tudo isso considerado, as relações EUA-sauditas estão entrando em águas desconhecidas. Houve relatos de que a liderança saudita considera uma “ampla mudança” que a afastará da cooperação de décadas com os EUA. E de que a decisão de “desistir” do assento no Conselho de Segurança da ONU marcaria o tom de uma política externa saudita radicalmente diferente. Esses relatos dizem que Riad tem intenção de afastar-se dos EUA, explorando, dentre outras coisas, relações militares que dariam mais alta prioridade à defesa e a outros interesses sauditas. A mudança de que se fala aconteceria na direção de uma política externa mais proativa.

Pode-se dizer que tal política proativa já está em andamento há algum tempo, como se viu na intervenção saudita no Iêmen e no Bahrain e nos movimentos unilaterais para manter em andamento o projeto de mudança de regime na Síria, apesar dos crescentes sinais de desagrado ocidental. Se se considera o sucesso relativo dos planos sauditas no Bahrain e Iêmen, é perfeitamente concebível que os sauditas deixem de lado a proposta de Genebra-2 e trabalhem a favor de uma iniciativa regional contra a Síria, dando cobertura econômica, política e militar e arregimentando seus aliados do Conselho de Cooperação do Golfo e a Jordânia e o Egito, no quadro de alguma espécie de acordo de segurança coletiva.

Poderia ser uma iniciativa na direção de intervencionismo local, mediante uma aliança árabe revitalizada, o que significará afastamento da dependência histórica da presença militar dos EUA. A raison d’êtrenesse caso, seria que só mediante tal aliança regional o regime saudita e os regimes do Golfo poderão priorizar a própria sobrevivência – tornando-se assertivos, menos dependentes do apoio ocidental e isolando-se dos efeitos da reaproximação EUA-Irã.

Mas, na essência, não passará de um gambito, de cercar a caravana em vez de entrar em desafio estratégico contra os EUA. Os sauditas certamente sabem que um quadro de segurança árabe coletiva não é realista e sempre será artificial, e que o continuado apoio dos EUA sempre será fator criticamente decisivo.

Enquanto isso, as perguntas não param de brotar.

Por um lado, ainda não se viu até que ponto a intervenção do CCG no Iêmen ou Bahrain será sucesso duradouro. No Bahrain, a repressão é ordem do dia; e no Iêmen os sauditas apenas trocaram um governante impopular pelo respectivo vice. Todos esses são paliativos, temporários, que os sauditas impuseram sem ouvir o povo desses países. Mais uma vez, a abordagem saudita implicará militarizar os conflitos (como no Bahrain ou na Síria); essa abordagem com certeza atrairá o opróbrio internacional e talvez se comprove inadequada para empurrar a maré mudancista.

A única real vantagem do regime saudita é que possui inigualável capacidade financeira, mas, por outro lado, não se vê a Arábia Saudita aceita em papel de liderança na região. Há ressentimentos entre os estados do CCG sobre o intervencionismo saudita no Bahrain. Na verdade, o regime saudita nem é modelo que inspire nações árabes – os sauditas tem péssima imagem na região – nem anda ao ritmo do espírito do tempo. O regime faz papel ridículo, sempre que grupos de mulheres educadas zombam dele e insistem no direito de dirigir seus próprios carros.

Em última análise, o grande trunfo da Arábia Saudita é sua capacidade para patrocinar uma “jihad” em outros países. Tem capacidade comprovada para produzir quadros militantes para suas intervenções clandestinas em outros países. Até agora, os sauditas têm-se dado bem na estratégia de empurrar o islamismo militante para além das próprias fronteiras. A estratégia tem funcionado, mas, a cada dia mais, a comunidade internacional vai-se fartando disso. É onde a Síria torna-se caso-teste.

Seja como for, o que finalmente fez entornar a taça foi, provavelmente, a visão do contato direto entre EUA e Irã, especialmente a conversa telefônica entre Obama e o presidente Hassan Rouhani do Irã. Um ministro saudita de Relações Exteriores em estado de choque, o príncipe Saud Al Faisal, saiu às pressas de New York, sem sequer fazer o discurso programado e rotineiro à Assembleia Geral da ONU. Desde então, o secretário de Estado dos EUA John Kerry não parou de telefonar-lhe, para sua Villa privada em Paris, tentando amolecê-lo e pedindo que Riad reconsidere a atitude da ONU. Kerry, na sequência armou cara de valente, sobre a briga EUA-sauditas, e disse que tem “grande confiança” de que os dois países “continuarão a ser os amigos e aliados próximos e importantes que nós sempre fomos”.

Conselho de Segurança da ONU
De fato, até aqui, a vantagem de Kerry está em que há posições conflitantes entre os próprios sauditas, que refletem profundas divisões internas no interior do regime. E absolutamente não se entende que, até agora, Riad ainda não tenha notificado formalmente a ONU sobre sua decisão de recusar o assento ao qual foi eleito, para o Conselho de Segurança. Mas há tempo. Só em janeiro, afinal de contas, será necessário aparecer fisicamente, para tomar posse (ou não) da cadeira na famosa mesa em formato de ferradura do Conselho de Segurança. Ainda não se ouviu a palavra final desse surto temperamental dos sauditas.

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Nota dos tradutores
[1] Break-Even Price“A quantidade de dinheiro pela qual um produto ou serviço tem de ser vendido, para cobrir os custos de produzi-lo ou provê-lo”.
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[*] MK Bhadrakumar foi diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as quais The HinduAsia Times Online, Strategic Culture, Global Research e Indian Punchline. É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de Kerala.