segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Não há qualquer “vácuo de poder” no Oriente Médio

5/1/2013, [*] Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Entreouvido na birosca do Furdunço na Vila Vudu: Desnecessário dizer que a matéria ontem publicada no NYT (4/1/2014) – adiante diagnosticada como “tese alucinada” – JÁ ESTÁ COPIADA E REPUBLICADA, hoje mesmo (6/1/2014), n’O Estado de S.Paulo.
Por que, diabos, alguém teria algum interesse de ler, em O Estado de S.Paulo, o BOBAJOL publicado ONTEM (4/1/2014) no New York Times?!
Delete O Estado de S.Paulo. A Internet bem usada a nosso favor É O MÁXIMO!
A rapaziada aqui lê o blog The Moon of Alabama e, de uma penada, já aprende a esculhambar, além do “jornalismo” do NYT, também o “jornalismo” sub-do-sub, d’O Estado de S.Paulo!
Te cuida, Grupo GAFE (Globo-Abril-FSP-Estadão)! \o/ \o/ \o/

Uma explosão abalou na 5a.-feira (2/1/2014) um prédio do partido Hezbollah em Beirute, um dia após as autoridades libanesas anunciarem a prisão de um líder sênior de origem saudita da al-Qaeda.
Vácuo é a ausência de matéria. Mas, para o New York Times, a única “matéria” que conta são militares norte-americanos. Daí brotou a tese alucinada segundo a qual um “Vácuo de Poder no Oriente Médio Fortalece os Militantes” (NYT, 5/1/2013):

Por todos os seus ecos, o banho de sangue que engolfa o Iraque, o Líbano e a Síria nas duas últimas semanas expõe algo novo e desestabilizante: a emergência de um Oriente Médio pós-EUA, no qual nenhum dos atores tem poder, ou vontade, para conter os ódios sectários regionais.

Nesse vácuo de poder, islamistas fanáticos floresceram tanto no Iraque como na Síria sob a bandeira da Al-Qaeda, com os conflitos dos dois países amplificando-se mutuamente e fazendo prever radicalismo cada vez mais profundo. [aqui traduzido por nós].

Hmm... Como assim, NYT [e O Estado de S.Paulo]?! Não houve sangue na guerra civil no Líbano? Não houve a guerra Iraque-Irã? Tudo por lá estava em paz, enquanto os EUA invadiram e ocuparam o Iraque?

A tal tese do “vácuo” é asneira.

E a ideia do “vácuo de poder” é ainda mais estúpida, se se considera a lista de forças poderosas que estariam operando no tal “vácuo” inventado pelo NYT:

Pela primeira vez desde a retirada das tropas dos EUA em 2011, combatentes de um grupo associado à al-Qaeda conseguem recapturar território iraquiano. Nos últimos dias, esses combatentes tomaram partes de duas das maiores cidades da província de Anbar, onde o governo, que os combatentes desprezam como ferramenta do Irã xiita, lutam para manter uma aparência de autoridade.

No Líbano, houve duas explosões mortais de carros-bomba, um dos quais matou político importante e aliado dos EUA.

Na Síria, o ritmo da violência acelerou, com centenas de civis mortos por bombas lançadas indiscriminadamente sobre casas e mercados.

Ligando toda essa cacofonia, há o crescente apelo às lealdades atávicas de clã e seita.

Assim sendo, o “vácuo de poder”, a ausência absoluta da “matéria poder”, estaria, segundo os que escrevem no NYT, preenchida pela al-Qaeda, pelo exército iraquiano, por terroristas no Líbano e por várias forças que lutam na Síria, todas, de um modo ou de outro, envolvidas na guerra “à distância” da Arábia Saudita contra o Irã.

UAU! Mas que vácuo mais cheio de matéria! \o/ \o/ \o/

Além de propaganda do tal “vácuo”, o que se vê aí é, nada mais nada menos, que a vontade de que os EUA envolvam-se cada vez mais, de modo que o tal “vácuo” fique bem cheio da única “matéria de poder” que (não se sabe como ou por quê) seria essencialmente importante: militares norte-americanos.

De onde esse pessoal que escreve para o NYT [e o pessoal do Grupo GAFE que, no Brasil, COPIA o NYT] tirou essa ideia estúpida, sobre o tal “vácuo” cheio de militares norte-americanos? A primeira ideia que vem à cabeça é que BOBAGEM dessa magnitude só sairia, de fato, de cabeça neoconservadora/neoliberal [isso, nos EUA; no Brasil, BESTEIROL dessa magnitude saem aos borbotões, todos os dias, de cabeças de jornalistas “globais”-tucano-udenistas do tipo dos vaaks-sardimburgers-tacanhedes-leitões-grilos! \o/ \o/ \o/].

Rápida pesquisa basta para encontrar, noutra matéria, mas no mesmo NYT, a fonte do BESTEIROL sobre o tal “vácuo”:

Dois Republicanos críticos da decisão do presidente Obama de retirar do Iraque os soldados dos EUA – senadores John McCain, do Arizona e Lindsey Graham, da Carolina do Sul – disseram que “muitos de nós previmos que o vácuo seria preenchido por inimigos dos EUA, e emergiria como ameaça aos interesses da segurança nacional dos EUA.

Mas... que “vácuo” e que “interesses da segurança nacional” seriam esses?!

Foi o ataque dos EUA contra o Iraque que fez crescer a guerra sectária no Iraque e além do Iraque. Foi a derrubada de Saddam Hussein que alterou o equilíbrio entre sunismo saudita e xiismo iraniano, o que, na sequência, motivou os sauditas a arregimentar e disparar seus bandos de jihadistas.

Não foi algum “vácuo de poder” que criou aquela guerra que continua até hoje e continuará ainda por muito tempo para o futuro. Foi a inserção de forças militares dos EUA no Oriente Médio que levou gerou superpressão e, depois, as explosões que se ouvem hoje.

Pretender que essas inserções militares e a presença militar dos EUA seriam necessárias para preencher algum espaço vazio (“vácuo”) no Oriente Médio só comprova o vácuo (de matéria cinzenta) no crânio desses jornais e jornalistas.




[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como“Whisky Bar” ou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). No Brasil, produzimos versão SENSACIONAL, na voz de Cida Moreira, gravada em “Cida Moreira canta Brecht”, que incorporamos às nossas traduções desse blog Moon of Alabama, à guisa de homenagem. Pode ser ouvida a seguir:



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