sexta-feira, 18 de julho de 2014

Voo MH17: cautela contra conclusões prematuras

17/7/2014, [*] The Saker, The Vineyard of the Saker
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

The Saker
Lamento ter de dizer que ainda é cedo para concluir que as forças da Novorrússia não derrubaram o avião malaio. Embora a maioria dos sistemas de defesa antiaérea novorrussos sejam portáteis, as forças da Resistência, sim, já capturaram alguns sistemas de mísseis 9K37 Buk, que podem, sim, atingir avião civil em altitude e em velocidade de cruzeiro.

Repito: eu não estou dizendo que os novorrussos tenham feito. Além disso, pelo menos um especialista militar russo, Igor Korochenko, já disse que o lado ucraniano declarou oficialmente que os soldados ucranianos conseguiram desabilitar aqueles sistemas, antes de os sistemas caírem em mãos de forças novorrussas. Mas nem isso prova coisa alguma.

● − Em primeiro lugar, não vi a tal “declaração” oficial dos ucranianos.
● − Segundo, os soldados ucranianos podem ter mentido para encobrir a extensão da perda que sofreram.
● − Terceiro, os novorrussos poderiam consertar aqueles sistemas.

Por tudo isso, a menos que os novorrussos apresentem provas sólidas de que seus Buks estavam inoperáveis, sim, eles têm de continuar incluídos na lista de suspeitos possíveis.

Sistema de mísseis 9K37 Buk
Já há especulações de “ataque de autor simulado” [orig. false flag, literalmente bandeira falsa], com aviões militares Ukies observados fazendo “escolta” ao avião malaio; e até paraquedistas teriam sido vistos na área na qual o avião foi derrubado. Já encontrei até especulações de que o avião oficial de Putin seria parecido com o avião malaio, e que poderia ter sido atentado contra o avião de Putin. O moinho dos boatos está girando a toda velocidade.

De fato, os Ukies já se beneficiaram imensamente graças ao incidente: agora, a imprensa-empresa planetária só fala do que aconteceu ao avião malaio. Assim, ninguém está sendo informado sobre o fracasso catastrófico da ofensiva “surpresa” de Poroshenko. Aí está o primeiro cui Bono [lat. orig. “quem se beneficia?”], que aponta diretamente para a Junta de Kiev. Segundo, dado que não importa o que tenha realmente acontecido, os governos e a imprensa-empresa ocidentais culparão os russos, os Ukies o usarão na propaganda deles (aparentemente, já pediram “ajuda” à OTAN, seja lá o que signifique o tal “pedido”). Tem-se aí um segundo fator cui Bono e que também beneficia a Junta. Quanto aos novorrussos e à Rússia, o incidente é tudo de que eles NÃO precisam.

Valha meu palpite o que valer, e sem querer dar falsas esperanças a ninguém, creio pessoalmente que é altamente improvável que os russos tenham derrubado o avião malaio, porque a Rússia conta com sistemas de defesa muito avançados, totalmente integrado, em várias “camadas”, operado exclusivamente por pessoal altamente especializado. Ao contrário disso, os Ukies só contam com “sistema” de defesa velho, decrépito, não integrado, operado por recrutas mal pagos, muito mal treinados e que estão de moral baixa. E dado que o Kremlin optou por manter a ilusão de que não comanda os novorrussos, mesmo que se prove que os novorrussos tenham sido responsáveis pela catástrofe, nem assim a Rússia estaria diretamente implicada (e essa seria a pior possibilidade).

Malaysia Airlines voo MH 17 (Boeing-767) 
Espero que os russos consigam provar que os novorrussos não fizeram isso. Pode ser feito, por exemplo, se encontrarem partes chaves do(s) míssil(eis) que atingiram a aeronave do voo MH17; ou se exibirem os mísseis “não utilizados” da Resistência, precisamente nos mesmos hangares onde foram encontrados.

Outra coisa que ainda não foi feita é um cálculo cuidadoso do exato envelope de voo [orig. flight envelope] dos mísseis que estão em mãos dos novorrussos. No mundo real, ninguém pode dizer que um míssil pode atingir alvo que voa em velocidade X e altura Y. É preciso calcular um exato envelope de voo e compará-lo com as exatas características de voo do alvo suposto atingido. Em outras palavras: até que alguém faça essa análise, não há provas de que os Buks novorrussos possam ter derrubado aquela aeronave.

E temos de esperar também o que mostram as caixas pretas. Pelo que se noticiou, foram resgatadas pelas forças do bem e enviadas a Moscou para análise. Além disso, as Defesas Aéreas da Rússia conhecem os exatos parâmetros de voo do avião malaio e de qualquer míssil ou mísseis que poderia(m) tê-lo atingido. Se foi obra dos Ukies, há boas chances de que os russos consigam provar cabalmente. Se, infelizmente, foi obra dos novorrussos, os russos provavelmente optarão por distribuir as provas, porque escondê-las seria estupidez.

Por enquanto, cuidemos para não embarcar em cada boato que surja. Esperemos, no mínimo, 48 horas, ao cabo das quais haverá fatos a examinar. E rezemos para que os novorrussos não tenham cometido esse erro.

The Saker


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